tag:blogger.com,1999:blog-75091913216304405512024-02-19T02:23:02.870-03:00DesquadriculandoDesquadriculandoMariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.comBlogger28125tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-33864012510425361442018-07-04T14:45:00.001-03:002022-02-07T10:16:59.067-03:00Porque eu decidi parir<p>
<br />
</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]-->
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDxk_9yAi_UnuS9eg_vG5dHdrah5HqdFwbbB0meOuYwJo7f7ayprVR8B8XF_OG-Rw2BI7MYRiGLaJl5F3ljIj5t-m7YQwMhB9LGc2jfnb3Lj3MmFEtr6J6f_rQQHaY8pB3iS1exmrty3E/s1600/The+Birth+Project+-+Amanda+Greavette.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="476" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDxk_9yAi_UnuS9eg_vG5dHdrah5HqdFwbbB0meOuYwJo7f7ayprVR8B8XF_OG-Rw2BI7MYRiGLaJl5F3ljIj5t-m7YQwMhB9LGc2jfnb3Lj3MmFEtr6J6f_rQQHaY8pB3iS1exmrty3E/s640/The+Birth+Project+-+Amanda+Greavette.jpg" width="475" /></a></td></tr><tr align="center"><td class="tr-caption"><span style="font-size: small;">Amanda Greavette - The Delivery (do lindo projeto "The Birth Project") </span></td></tr></tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nas vésperas de entrar no 8º mês de gestação,
muitos ainda me perguntam como quero ter meu parto. Ao responder “normal”, não
são poucos os que me dizem que sou corajosa. Confesso que não entendo muito bem
onde minha coragem se encaixa nisso, porque acredito ser necessária ainda mais
coragem para enfrentar uma cirurgia de grande porte. De qualquer forma,
refletindo nessas 30 semanas como gestante, tentei responder para mim mesma:
por que eu quero parir?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Essa pergunta nunca foi verdadeiramente concebida,
pois sua resposta nunca foi verdadeiramente questionada. Desde antes de estar
grávida eu havia decidido parir da forma mais natural possível, caso um dia
ficasse grávida. Mas da onde veio essa certeza? Bom, algumas leituras e estudos
de violência obstétrica certamente me ajudaram na escolha. Mas nunca foi só
isso. Até porque comecei a estudar sobre o assunto por algum pretexto anterior.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Refletindo livremente, longe dos dados<span face=""arial" , sans-serif">,</span> números e art<span face=""arial" , sans-serif">igos</span>
que diferenciam os tipos de parto, o ato de parir sempre me fascinou. Criar um
outro ser dentro de si e trazê-lo ao mundo é algo incrível e poderoso. E
absolutamente natural, já que desde que o mundo é mundo, as mulheres parem. Se
pensarmos bem, parir vai contra tudo o que essa sociedade de hoje tenta nos impor:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em um
mundo programado, parir é imprevisível.</span></b><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Não sabemos a hora exata que o bebê decidirá
nascer, rompendo com as agendas, com os prazos do trabalho, com o calendário já
antes planejado. Não há como calcular o tempo de duração do parto. É preciso se
entregar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em um
mundo que medicaliza a dor, parir é sofrer.</span></b><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> E saber que no meio de todo o
sofrimento também há prazer. Um rito de passagem natural para aquele que vem e
para os que trazem. Todos os hormônios e emoções funcionando harmonicamente
para a chegada de um novo tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em um
mundo machista, parir é poder.</span></b><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> A mulher é protagonista e dona de seu próprio
corpo. Ela dirá as posições, dirá o ritmo e dirá suas vontades. A gestação é
uma oportunidade de empoderar-se de si, não só para o parto, mas para a vida em
todos os seus desdobramentos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em um
mundo de julgamentos, parir é sororidade. </span></b><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">É confiar na mulher que já pariu.
É contar com braços que lhe apoiem o corpo. É olhar nos olhos que lhe darão
forças para continuar. É ouvir conselhos de forma aberta e dar conselhos sem
imposição. É cuidado coletivo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em um
mundo asséptico, parir é fluído.</span></b><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Não há como esconder todo o sangue e água que
escorrerá dentre as pernas. Parir é água e movimento. Um desvelamento absoluto
do corpo que não suportará amarras. Voltamos ao estado original, renascendo
junto <span face=""arial" , sans-serif">d</span>aquele que parimos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em um
mundo que despreza o oculto, parir é instintivo.</span></b><span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> É saber
que nascemos sabendo nascer. Reconhecer que o bebê sabe o que fazer, assim como
nós sabemos parir. É confiar no corpo e se entregar ao instinto. Pouco
racional, nada consciente. Uma verdadeira entrega.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Não é preciso parir para desconstruir as amarras
que nos são impostas diariamente. Mas <b>optar por parir é um ato de
libertação</b>, mesmo que momentâneo. E muitas vezes esses momentos intensos
nos reconstroem para o novo e ressignificam a vida. É a possibilidade de ter um <span face=""arial" , sans-serif">outro</span> olhar para o mundo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Infelizmente, não são todas as mulheres que
conseguem parir da forma mais humanizada possível. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u>Em um mundo de violência, parir é privilégio.</u> </b>Não são todas
que conseguem achar meios de ter sua vontade e seu corpo respeitados,
independentemente do tipo de parto, já que o parto não precisa ser natural para
ser humanizado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O parto normal muitas vezes não é uma opção viável
por reais intercorrências médicas. Mas basta ler um pouco sobre violência
obstétrica para saber que as altíssimas taxas de cesárea não se devem por
problemas no parto, nos bebês ou nas mulheres, mas por conveniência médica e
pura violência. É algo sistêmico que não será resolvido individualmente. Daí a
importância das políticas públicas para humanização do parto, seja na
construção de mais casas de parto, reconhecimento e valorização das profissões
de doulas e parteiras, melhoria e ampliação no acompanhamento público das
gestantes, enfim, uma longa lista. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Além disso, por ser um processo de empoderamento e
escolha, as mulheres que optem conscientemente pela cesárea também devem ser
respeitadas igualmente. O que merece questionamento são as formas sutis (ou não
tão sutis assim) de imposição de procedimentos desnecessários. Daí a
importância de estarmos empoderadas nesse momento de tanta vulnerabilidade que
é a gestação e o parto. Nesse ponto, a condição da mulher (física, mental,
emocional), a escolha dos profissionais, a rede de apoio, as leituras
realizadas e um punhado de outros fatores contam muito. Esbarramos novamente
nos privilégios.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">De qualquer forma, tudo vem caminhando para que eu
consiga parir da forma mais respeitosa e humana possível. Seja como for, foram
tantas as reflexões nesse processo que já me sinto transformada. Obrigada, meu
filho, por me proporcionar essa renovação. Estamos te esperando, na hora que
você quiser cheg<span face=""arial" , sans-serif">ar</span>.</span></div><br />Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-75531865307849155172018-06-15T16:42:00.001-03:002022-02-07T10:26:37.218-03:00Expectativas x realidade na gestação (e na vida): despreendimento para o possível.<p>
<br />
</p><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]-->
<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZdEFedEhallmdi-aaRwYcWQ-f4hV12CeckqMzVtywfeUpF4TosuAB1mAeYjjCRSuIcZwys4qLYBU9id-sR235o7jzZ7KB_DZdZoLxKDxGfsrj8M2iFT6rHEgMZPXnok45dfDwpZYajUw/s1600/m%25C3%25A3e+solo.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZdEFedEhallmdi-aaRwYcWQ-f4hV12CeckqMzVtywfeUpF4TosuAB1mAeYjjCRSuIcZwys4qLYBU9id-sR235o7jzZ7KB_DZdZoLxKDxGfsrj8M2iFT6rHEgMZPXnok45dfDwpZYajUw/s640/m%25C3%25A3e+solo.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mãe Solo (@maesolo_oficial)</td></tr></tbody></table><p> </p><p></p><div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">A expectativa era escrever muitos textos, os quais eu leria
no futuro e ficaria tocada pensando “que momento mais lindo e fértil da minha
vida”. Escreveria textos aqui, de cunho político-reflexivo, falando sobre
direitos das mulheres, feminismo, saúde pública, violência obstétrica, e também
textos mais intimistas na minha mandala lunar 2018, com desenhos, impressões e
até algumas colagens, quem sabe.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Também tiraria fotos semanais que mostrariam a linda
evolução da minha barriga. Minha pele estaria viçosa, meu cabelo brilhante.
Teria uma doula de confiança que viraria minha BFF. Conseguiria organizar minha
agenda pessoal para ver todos os meus amigos gradualmente, marcando saídas para
aproveitar a vida adulta sem filhos. Além disso, leria todos os 85.983 livros
de maternidade, parto e empoderamento feminino para me sentir segura das minhas
escolhas e nas horas vagas bordaria um lindo móbile para o meu nenê.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">A realidade é que estou com 28 semanas, começando a ficar
incomodada real com a listinha de tarefas que não para de crescer e apenas
tentando lidar com o fato de às 22h eu já estar babando em cima de qualquer
superfície que não se mova muito (incluindo meu marido). Passei quatro meses
vomitando todos os dias, sem nenhuma energia de viver, e os dias seguem com
muito sono e preguiça, uma imunidade bem vacilante que me atribuiu algumas
licenças médicas e uma azia que faz me ter consciência de todo o percurso da
comida desde sua ingestão.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">De qualquer forma, apesar de querer ser um elefante para
ter uns 13 meses extras de gestação e poder pelo menos organizar as roupinhas
que ainda não tem lugar próprio e estão socadas no meio das minhas próprias
roupas, estou encarando essa frustração total de expectativas como um ensaio
para a maternidade e um grande aprendizado.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Todos os textinhos engraçados (ou não tão engraçados assim)
que vem seguidos de #maternidadereal indicam que não será fácil, que vai
piorar, que a vida que eu conheço vai basicamente acabar e eu vou ter que me
reinventar mesmo. O bagulho vai ser louco. A dica que fica é: melhor eu não ter
tantas expectativas assim em cima da minha listinha de tarefas ou, melhor
ainda, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">melhor eu
REPENSAR a minha listinha de tarefas.</b></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Muitas vezes criamos necessidades, obrigações e
expectativas totalmente sem sentido para nossas vidas por pressão social ou
falta de questionamento. No caso da maternidade, um exemplo simples são as
listas de enxoval do bebê. Vocês já viram as listas de enxoval que publicam por
aí? De repente, recomendam estocar creme anti assadura sem nem saber se o bebê
terá assaduras efetivamente. Ou comprar mamadeiras, caso o bebê não pegue o
peito direito. Começamos a considerar a hipótese de comprar uma cômoda que não
cabe em casa, carrinho que se teletransporta, babá eletrônica que faz seu filho
ninar, fora os itens de higiene do tipo “shampoo e condicionador”, “colônia”,
super necessários para um recém-nascido.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">As necessidades e expectativas que criamos não precisam ser
tão populares, podem ser também “alternativas” como as que eu mesmo tinha: ter
um diário maternidade super completo, fazer tinturas de ervas e sabonetes
naturais, estudar óleos essenciais bons para o parto, por exemplo. De qualquer
forma, seja ensaio gestante, lembrancinhas de nascimento, ou estudos montessorianos,
quando você se desprende dessas obrigações sociais, comerciais e também
internas, as coisas ficam mais leves e passam a fazer mais sentido.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Esse processo de desprendimento tem sido de um aprendizado
difícil de mensurar. Não se trata só da maternidade em si, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">mas do processo de
olhar para dentro e tentar repensar verdadeiramente suas necessidades e
limitações, baixar as expectativas e viver de maneira mais real e intuitiva.</b>
Não precisa estar gestando para tanto. Os hormônios, o cansaço e tantas mudanças
podem ajudar no processo, mas essa busca por uma vida mais íntegra pode e
deveria ser diária.</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<span face=""arial" , sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Também não estou falando que precisa ser radical e largar
tudo ao acaso. Mas tudo bem se não der certo fazer o álbum da evolução da
barriga semanal. Ok, também, se tiver que trocar o nenê na cama. A única coisa
que o bebê vai querer e realmente precisar é aconchego, leite, colo e umas
fraldas limpas. Não dá pra planejar tudo. Não dá pra fazer todo o planejado
também... E está tudo bem, não é mesmo? Na vida, com ou sem bebê, está tudo
bem. Pelo menos, esse tem sido o meu mantra.</span>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-45114693523340084972014-05-15T01:26:00.001-03:002014-05-15T01:26:22.861-03:00Terapia 3<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJC1YMVjUv5dplz0kC4sFEqo5ksayHrEme3WYo6k_fdrGgaiiqc-UDNaBDEgIkv8TnrmqkQsKg2uVoa0cPfzO6JMMjWL4H-tIVyMMa4ysvFPMeryepo1I0gypdEzlCwBd6uLzk2yDpEi0P/s1600/At+the+End+of+the+Earth+-+Vladimir+Kush.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJC1YMVjUv5dplz0kC4sFEqo5ksayHrEme3WYo6k_fdrGgaiiqc-UDNaBDEgIkv8TnrmqkQsKg2uVoa0cPfzO6JMMjWL4H-tIVyMMa4ysvFPMeryepo1I0gypdEzlCwBd6uLzk2yDpEi0P/s1600/At+the+End+of+the+Earth+-+Vladimir+Kush.jpg" height="640" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vladimir Kush - At the End of the Earth</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<b>Terceira Sessão: Abismos</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
As marcas daquela felicidade, já passada, me voltavam como se estivessem negativadas em minha mente. É verdade que procurei desnecessariamente por elas. Em meio a nossa felicidade, fui buscar tristeza, e na tristeza fiquei. Eram as forças que me puxavam para aquilo que eu chamava de realidade, como se a felicidade fosse irreal e a verdade, necessariamente, triste.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Às vezes me sinto num devaneio. Acordo, vou pra rua, trabalho, durmo, e sinto como se nunca tivesse acordado. Sinto que vivo uma vida que não vivi. E certas horas, me belisco para saber se aquilo tudo é real. Nesses lapsos me questiono o porquê de estar ali, afinal. O porquê de ter feito tal escolha, o porquê de estar vivendo dessa forma e então, volto à irrealidade. Tudo fica enevoado e sigo no sonho, sonhando como as coisas poderiam ser bonitas e coloridas. Poderiam ser.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Mas há momentos em que me vejo viva, em êxtase, e num respiro de esperança as possibilidades se abrem como portas coloridas na minha frente, onde posso escolher e ser, de fato, tudo aquilo que eu poderia ser. Porém, num estalo, desço a escadaria do meu medo, para me esconder na tristeza, como se ela fosse a verdadeira e única forma de existir. Me afundo na certeza de que nada pode ser tão bom assim, como se não merecesse a felicidade, como se ela não coubesse em mim.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E sinto como se a felicidade de fato não existisse. Parecem ser pílulas fabricadas num mundo de desalento e dissabores para que todos tenham a esperança de um dia a alcançarem. Continuamos vivendo. E vejo nos olhos daqueles que pedem, envergonhados, um prato de comida, ou um casaco para o frio, um mundo de tristeza, um abismo sem fim.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Quanto mais penso, mais me afundo, num redemoinho de olhares e fotos e datas e taças e pratos e convites e canções, como se não pertencesse a nenhum lugar no mundo. Cavoco meu próprio poço, vasculhando as memórias e o passado que sei que me devastará. Me sinto extremamente só submersa nos densos sentimentos que me arrastaram para o meio do oceano, clamando por um socorro vazio, num mundo surdo e mudo. É como se eu fosse exilada de mim mesma.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Aos poucos, porém, sinto chegar a vida. Todo aquele mar vai se evaporando e deixa o que pesava mais leve... Luto contra as últimas ondas que me tentam levar, mas mesmo cansada, resisto. Arfando, me apoio nos sorrisos e tento me reconstruir, ainda mais forte. Sei que as muralhas nunca serão suficientes para a tristeza que há no mundo, mas me socorro da crença de que existe felicidade. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Tento me proteger dessa louca armadilha que criei, de que a felicidade não cabe em mim, buscando resistir aos meus próprios abismos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-55949442893790570412013-06-05T01:59:00.002-03:002013-06-05T02:06:12.123-03:00Terapia 2 (com cortes)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijAMxmFWqgObhV6FkhBuwTh6_RedFRWnJZgmYg8tfPHSfBg1qYkPMHZUBdWvi5LU7mkiEl41BqJpcAph2U1Ycf9X1Dt6k67ePvy6U0vc-a1FYahtzYhghBdF1pabAafYP_WriokgzMgUcT/s1600/lygia-clark-original.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijAMxmFWqgObhV6FkhBuwTh6_RedFRWnJZgmYg8tfPHSfBg1qYkPMHZUBdWvi5LU7mkiEl41BqJpcAph2U1Ycf9X1Dt6k67ePvy6U0vc-a1FYahtzYhghBdF1pabAafYP_WriokgzMgUcT/s400/lygia-clark-original.jpeg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Segunda Sessão: Meu
encontro com Lygia Clark<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
incentivo para ver aquela exposição foi dele. Ele havia ido na outra semana com
uma amiga que, se estivesse tudo bem, por certo teria ciúmes. Fui sozinha,
antes de alguma reunião de domingo, que estava sem vontade nenhuma de ir.
Cheguei tímida, tentei pegar um <i>folder</i>, havia acabado. Adoro guardar os papéis
das exposições que vou. Guardo todos, como se me preenchessem, como se
validassem minha ida. Alguns são tão bonitos e fico só pensando no que poderiam
se transformar. Tenho algumas manias de guardar. Guardo algumas etiquetas
bonitas das roupas que compro. Fico pensando que o capitalismo produz tantas
coisas, tão bonitas, tão vazias, tão... descartáveis. Vou montar um quadro com
as etiquetas, brilhantes, coloridas, desenhadas. Com os lápis colecionados também.
Tenho uma caixa cheia, separados pelas borrachinhas, apontados cuidadosamente
um por um. Ficarão no escritório, organizados por ordem das cores, dentro de
uma caixinha com vidro, fundo branco. Eu sempre achei que tivesse boas ideias
de decoração, herança da minha mãe, está no sangue da família.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Cheguei
na exposição e topei com alguns quadros que não gostei muito de cara.
Experimentos. Quando são essencialmente experimentais de nada valem, mas a
pessoa morre, fica famosa, e todos os seus rascunhos viram obra de arte, elevando
a obra ao sobrenatural. O artista vira um ser divino que não erra, que não
rabisca. Logo na entrada havia a linha do tempo, mais obras experimentais.
Fingi ler a parte em inglês, pra me passar de turista. Na realidade, me sentia
uma turista, uma estrangeira em mim mesma. Os turistas têm carta branca para
andarem sozinhos. Estão livres, soltos, flanando por uma cidade desconhecida,
conhecendo pessoas. Se descolam da paisagem rotineira, não fazem parte dali. Olhei
o experimento (um chão de imã, com sapatos de imã, que te levariam
randomicamente para passear) e pensei que não fosse para mim. Estava tímida e
não tive coragem de tirar meus sapatos para participar do projeto. Nem tinha
meias... Subi para os outros andares e entrei numa sala em que passava um
filme. Era em português, mas havia legenda em inglês. Poderia seguir com meu
disfarce.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Foi
ali que a mágica começou. Me sensibilizei com o preto e branco do filme, com a
ideia da sensibilização. Mas tudo era muito hippie e senti que, novamente, não
me encaixava ali. Não tenho essa perfeição natural, de acordar com o cabelo
bom, com a perna lisa. Ou não aceito o meu cabelo ruim, meus pelos. Tenho
tantos incômodos com meu próprio corpo... Sei que me falta libertação. Me falta
aceitação. Perceber o que tenho em mim e gostar... De-fora-pra-dentro-de-dentro-pra-fora.
Tenho a consciência que sou eu quem pinto meu espelho, mas tendo a ser bem
realista em alguns aspectos. (...) Por
sinal, não consigo me sentir a vontade com frequência. Na verdade, toda essa
extroversão me soa um tanto falsa. Os vernizes que me foram construídos, os
muros que levantei, são parte de mim também. Essa minha imagem exposta
diariamente, o sorriso no rosto, também fazem parte de mim. Isso não me faz
menos eu. Mas pesa. Sinto que se libertasse mais o meu peso, voaria mais alto.
Mas ficaria tão... oca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
verdadeiro <i>insight</i> aconteceu, porém, com
as caixinhas de fósforo. Nunca vou esquecê-las. Estavam lá, as caixinhas, todas
grudadas e pintadas de vermelho, outras de azul, outras de amarelo. Me senti a
verdadeira artista, verti em lágrimas. Foi um momento de elevação única. Nem
todos os elogios do mundo me fariam sentir como naquele instante. Eu, que havia
tantas vezes pensado em caixinhas de fósforo grudadas, coloridas. Eu, que havia
tantas vezes pensado naqueles mesmos experimentos. Tive um segundo de
compreensão plena que a vida é feita de escolhas. Poderia ter escolhido a arte,
um curso de artes plásticas, as experimentações com as caixinhas, as etiquetas,
a caixa com lápis. Mas resolvi guardá-los na gaveta, todos organizados
sistematicamente para, quando tiver um tempo de férias e casa própria, pensar
em realizá-los. Ele sempre brincava comigo: “sua casa, para ter tudo o que você
quer, vai precisar ter trinta cômodos”. São muitas minhas ideias. Mas ficam
todas guardadas, travadas na garganta. Ou saem num tom leve de brincadeira,
como se fosse um sonho etéreo, mentirinha qualquer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Aquelas
caixinhas de fósforo foram a confirmação da minha efêmera genialidade. Não só minha, mas do mundo! E não
sou eu quem sempre acreditei na genialidade humana? Sempre defendi que todo o
ser humano, todo indivíduo, tinha seu próprio dom, sua especificidade. Era daí
que as paixões nasciam. De uma vírgula de diferença... Se conhecesse todos no
mundo, por certo me apaixonaria pelo mundo. Mas as pessoas se escondem por trás
daquilo que é comum e ficam estrangeiras de si mesmo, vestindo uma capa de normalidade
grossa, feito neoprene, esquecendo suas vírgulas, suas covinhas escondidas,
suas imperfeições. E quem culpar? Nesse momento chorei por
minhas escolhas que foram feitas de forma tão inconsciente, mas será? Aquelas
caixinhas de fósforos me acordaram daquela sensação etérea da vida. Me deram a
certeza de que, se quisesse ser Ligia Clark, bastava um pouco de cola bastão e
consciência. Mais do que consciência, oportunidade. Ou coragem. Quando se tem uma noção sistemática de mundo, fica difícil acreditar em escolhas reais. Sentimo-nos como fantoches que vivem para se integrar a essa grande engrenagem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Mas
isso soa tão repetitivo. Sempre a mesma busca de viver em plena consciência, de
traçar seu próprio caminho. Soa, além de tudo, egoísta, pelego. Soa com aquela leveza
que julgo falsa, do não preocupar-se com ninguém, do aproveitar a vida a
qualquer custo. A vida não é tão simples assim... E tendo a acreditar – em
lapsos de risos – que ela o é, obtendo, assim, meus próprios subterfúgios,
minhas próprias justificativas para continuar agindo de uma forma moralmente (e
minha moral, como já disse em outras sessões, é cristã) inaceitável. Mas, como
dizia aquela música? Nem todo beijo é pecado, nem toda culpa é cristã. Talvez
me falte forró, samba e verde. Talvez me falte mais consciência mais coragem. Essa cidade toda concreta me cerca e sufoca. E sufoca a todos, em todos os lugares do mundo. Talvez me falte ignorância</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">. E leveza.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-56287482711281439532013-05-10T02:16:00.000-03:002013-05-10T02:16:30.961-03:00Terapia 1 (com cortes)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_4rseEebXm4OhDmHGuqTwwlYJ2u8xXaEDeyIvKXe6-j3D0xeh9P6xHvMm-rQc56eXCrXcs9jq42fUjKwHOsKUub35r73K1hpBgFGdMfh_WI4fCUjVsnY1_GemzS95JUwnajL-iFEPKcEB/s1600/corpos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_4rseEebXm4OhDmHGuqTwwlYJ2u8xXaEDeyIvKXe6-j3D0xeh9P6xHvMm-rQc56eXCrXcs9jq42fUjKwHOsKUub35r73K1hpBgFGdMfh_WI4fCUjVsnY1_GemzS95JUwnajL-iFEPKcEB/s400/corpos.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Primeira Sessão: Despejo
inicial<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Explico,
em primeiro lugar, que preciso de plateia. Não que isso transpareça abertamente,
acho que consigo esconder bem esse traço de personalidade na minha relação com
as pessoas. Mas preciso fantasiar um pensamento alheio sobre mim. Falem bem,
falem mal, falem de mim, é o que dizem. E se dizem, imagino. Claro que finjo
ignorar, num ar quase blasé, de emancipação absoluta dos me rodeiam. Mas não é
verdade. Daí alguns fatos da minha vida, alguns poemas, alguns e-mails, os
blogs – todos abandonados, que me fazem ter cena pra plateia que inventei. Mas toda essa minha
coragem de me expor, de viver o perigo, mesmo que abstrato, se dá em saltos. Vem um impulso,
alavanca, estou no alto e depois, bum! Lá no fundo, estatelada. Fico cor de
rosa, sabe, não dá pra esconder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Lembro-me
de alguns outros momentos que formaram peças pro meu teatro. Assim, em lapsos
de insanidade, ou de sanidade – não saberia bem dizer, dou esses estalos de
vida que viram histórias. E conto, rindo-me, para que me chamem de louca, para
que desacreditem, para que me admirem. Esse teatro todo, porém, cabe
esclarecer, tem plateia seleta. Escolho as pessoas que quero encantar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esse
texto, por exemplo, foi meticulosamente pensado no banho, já imaginado num
e-mail encaminhado para você, até então desconhecido, o tal psicólogo da minha
irmã. Você foi o selecionado para ler esse texto, montar alguma suposição sobre
mim para que eu possa me deliciar com a expectativa da sua reação. Quem sou eu
na sua cabeça? Claro, sempre vêm as ideias posteriores também... Talvez tudo
isso dê num livro, mas outro problema que tenho é: minhas ideias não saem do
papel. Muitas, na verdade, ficam apenas na cabeça, ou espalhadas por aí, porque
eu compartilho tudo no ouvidos das pessoas. Algumas, inclusive, as realizam,
colocando em prática o que pensei, e eu fico aqui, chupando o dedo. Devo ter
lido isso em algum horóscopo, preciso me focar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pelo
menos as que estão no papel foram escritas e segundo, ou terceiro, ponto
importante sobre mim: adoro escrever. É quase um desafio para comigo mesmo. Que
saudade estava de me despejar sobre o papel. São nesses momentos de agonia
profunda que as palavras vêm e vão se formando, em ciranda, na minha cabeça.
Primeiro medo: Para escrever terei de viver em eterna agonia? Não que eu não
goste de paz, por sinal, é a sina das pessoas, não é? É a rotina, porém, que me
mata... Antes ficar no sofá, deitada, olhando pra parede sem sair do lugar, num
mormaço de vida, que queima, mas não queima, do que viver na rotina insana que
nos impede de pensar. Eu não consigo mais pensar. Na verdade, eu só consigo
pensar, no mundo, na revolução, nas estruturas. A poesia secou no meio desse
deserto cinza de concreto, deserto de sentimentos. Vai ser assim pra sempre?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não
pensei que fosse ter tanto medo assim na vida. Nunca me contaram que era assim.
Mas de repente acordei e me vi dentro de uma história que parecia não ser
minha! Como havia parado naquele curso? Porque ainda usava aquelas roupas? Me senti subindo de um longo mergulho para buscar
ar na superfície. Estou arfando até agora sem saber onde é a beira e não, eu
não sei nadar. Que medo de mergulhar outra vez. Mais medo ainda de buscar ar mais
pra frente, com dois filhos, um trabalho, um marido, uma casa. Pânico!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tudo
isso (o texto, a reflexão última, o banho) me faz pensar o quanto guardo em mim
e como eu não me abro nunca. Parece que há tempo não me vasculho por dentro!
Afinal, quem eu sou? Porque guardo tantos papéis nos meus armários, porque
tenho livros que nunca li? Fui construindo um mundo fascinante, repleto de recortes
coloridos, que foi deixado de lado pela minha vida. A vida não pode ser
fascinante sempre? Não tenho espaço para exercer o meu eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pode
ser culpa da mídia, da internet, do Facebook. Fico horas vendo as vidas – nem
sempre fascinantes – nos perfis alheios. Me furto ao mistério, à capa do meu
filme preferido ou do que parece ser <i>cult</i>,
à foto artística, ou tosca, você pode escolher. Só sei que faz tempo que não
tenho tempo pra mim, não tenho tempo de escolher minha leitura, de fazer minhas
colagens, de escrever! De escrever... Nem sei mais montar a ciranda, as
palavras tropeçam todas, se amontoam, perdeu o glamour. Não que se trate de
glamour, mas tinha um drama, sabe? Um tom ácido, honesto, que gostava tanto. E
quando leio os textos antigos, meu Deus, parece que eu não mudei nada! Parece
que o meu eu interior continuou lá, como um quartinho bagunçado, e a vida
passou e quando eu abro a porta do quarto, as coisas ainda estão lá entulhadas,
um pouco mais empoeiradas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E
nessa vida que passou, me sinto uma casa vazia. Uma sala de estar com a luz
apagada. Dessas salas antigas, com poltrona listrada, lareira e abajur de mesa.
O pêndulo do abajur ainda balança, foi recente essa escuridão, essa penumbra.
Não estou dizendo que não tenho momentos de felicidades. Muito pelo contrário,
meu sorriso é legítimo. Não estou dizendo que também não ame. Se não amasse,
toda essa reviravolta não me seria tão dolorida e continuaria sentindo a fome
que sempre senti. Hoje, meu estômago grita pelo vazio, e a fome tornou-se de
vida, da vida que imaginei. Me pergunto o porquê desses lapsos de realidade (ou
de irrealidade) que me desconstroem a vida construída, não imaginada. Isso é
tão geminiano, tão pendular. Me disseram que meu arco vai mais longe...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas
onde ele vai cair?</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Imagem: Corpos presentes - Antony Gormley</b></span></div>
Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-25756885161836463492012-02-14T22:02:00.003-02:002022-02-07T10:19:36.574-03:00Náusea<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw44DZA46HEs27hheZxkN51t4ENTkgzxpy0nlGPcDS5OMwhjCy4lpJAphcGogfcmHsblUWzjZiVvm7QUrVBtRD2UGmVYfD0xFEqlSesrkFOiYH03d58X4aULMnfwlouGpz7b9JGWSIX6kt/s1600/murillo1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 285px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw44DZA46HEs27hheZxkN51t4ENTkgzxpy0nlGPcDS5OMwhjCy4lpJAphcGogfcmHsblUWzjZiVvm7QUrVBtRD2UGmVYfD0xFEqlSesrkFOiYH03d58X4aULMnfwlouGpz7b9JGWSIX6kt/s400/murillo1.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5709148340881146194" /></a><br /><div><br /></div><div>Uma criança nasceu na rua.</div><div>Esta suja, mas vive.</div><div>Faminta, sorri.</div><div><br /></div><div>Parem os carros, os caminhões,</div><div>desçam dos metrôs, das construções,</div><div>uma criança nasceu na rua!</div><div><br /></div><div>Silenciem a cidade! Ouçam o seu choro!</div><div>A criança vive,</div><div>sorri, faminta.</div><div><br /></div><div>Deem-lhe, comida, roupa, casa, </div><div>deem-lhe compaixão!</div><div>Essa criança nasceu!</div><div>Perfurou a barreira da indiferença e veio ao mundo nos saudar.</div><div>Parem todos! Quietos!!</div><div><br /></div><div><br /></div><div>E a criança cresceu invisível aos olhares daqueles que não veem a vida fora das lojas iluminadas dos shoppings centers.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><b><i>Menino à janela - Murillo</i></b></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-79290391337763341692011-06-25T23:17:00.010-03:002022-02-07T10:19:29.353-03:00Respiro<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6klExsJLrFls2sGs_cTsxbfJaVefTIVLkZfeHPyNyF_0q09dfLLicUoFFRvhUIV1xYL8qOsQ-36HjPEVnYq6-T9-80GbLr1Zg8Fw8_qyJ7UNM_ggs0T5PiFKr4O9ygqA6SeuthhLy6Nra/s1600/Breach+-+Vladimir+Kush.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5625604259054674514" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 321px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6klExsJLrFls2sGs_cTsxbfJaVefTIVLkZfeHPyNyF_0q09dfLLicUoFFRvhUIV1xYL8qOsQ-36HjPEVnYq6-T9-80GbLr1Zg8Fw8_qyJ7UNM_ggs0T5PiFKr4O9ygqA6SeuthhLy6Nra/s400/Breach+-+Vladimir+Kush.jpg" border="0" /></a><div style="TEXT-ALIGN: center"><span class="Apple-style-span"><div style="text-align: left; "><br /></div></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify">Estava com medo daquele chá com bolachinhas ser o último da vida, numa inversão Proustiana que só eu conseguia sentir. As lágrimas escorriam silenciosas, denunciadas apenas pelo lábio que se sobressaia, por um batom quente e úmido. Era o bico que eu não conseguia tirar do rosto, mania de infância, foi sempre assim. O momento era tão fim que as esparsas lágrimas começaram a se engrossar, num riozinho de tristeza que ia se adensando, rumando pros lábios tortos, num soro de amor e sentimento. Por mais que me sossegasse, aquele segundo representava um fim, um fim não sei do quê. Se pensasse bem tiraria qualquer resposta triste de mim, mas o momento era triste sem pensar e triste fiquei, chorando.</div><br /><div style="text-align: justify;">Agora que já não consigo não pensar, a tristeza vem justificada superficialmente por qualquer matemática barata que eu inventei. E a justificativa tem serventia para meu racionalismo treinado que exige respostas sempre que alguma coisa escapa do controle, um chorar na rua qualquer. Ele se engana com a fundamentação inventada e eu não penso nos reais motivos, já que me exigiriam mais choro na rua e mais justificativas baratas. O real motivo é triste. E é tão triste que se torna bonito, feito um samba, feito esses filmes de cinema que você sai sem nem vontade de comer a batatinha com catchup que tanto queria antes de começar a sessão.</div><div style="TEXT-ALIGN: left"><br /></div><div style="TEXT-ALIGN: justify">Engraçado comparar nossas vidas aos filmes de cinema. Tem sempre aquele que nos revira por dentro e nos faz chorar horas a fio, numa lavagem d'alma. Essa é a melhor justificativa para o homem racionalismo que vive dentro de mim. Finjo que vou ver um filme qualquer, simulo um bocejar preguiçoso e dedilho na prateleira as fitas, como que numa dúvida real. Faz-se um "ah", despreocupado, e o filme, já há muito escolhido, é colocado para o ritual.</div><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify">Ao acordar em meio as lágrimas justificadas pelo amor realizado, ou pela morte já sabida, passo a pensar na realidade que não tem um fim que se possa prever. Talvez se fosse na cartomante poderia me orientar na vida, ou ler os maços do cigarro, mas já não fizeram isso antes? A vida nos enrola e dá, num repente, um nó, como naquelas finas correntinhas douradas que guardamos com cuidado pra não embaraçar. E de tão fina, se tentamos consertar, ela arrebenta sem conserto, num som desconcertante de fim.</div><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify">E voltamos a chorar, sem justificativa, ou justificadamente, pela vida.</div><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify"><br /></div><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify"><i>Quadro: Breach - Vladimir Kush</i></div><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><br /></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-26735391491933997942011-05-08T18:00:00.001-03:002022-02-07T10:19:24.233-03:00Despejo III<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDnBKIk-C7iw3NUWh4m61xibWjwKCaSHEHqAIojcBAq_itbRFj_7oH853wdqL26kPNbjFYTVnqaavXrRP0sH4sn5lDEiR0yMB0fzT8CvQVo-rWd9yQCGi6K38cwF-zUD4WY5uxLuRNlSMP/s1600/African+Sonata+-+Vladimir+Kush.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><span class="Apple-style-span"><img style="text-align: justify;display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; cursor: pointer; width: 400px; height: 347px; " src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDnBKIk-C7iw3NUWh4m61xibWjwKCaSHEHqAIojcBAq_itbRFj_7oH853wdqL26kPNbjFYTVnqaavXrRP0sH4sn5lDEiR0yMB0fzT8CvQVo-rWd9yQCGi6K38cwF-zUD4WY5uxLuRNlSMP/s400/African+Sonata+-+Vladimir+Kush.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5604451517168401154" /></span></a><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">A vida me lembrou de repente da minha humanidade. Me trouxe a sombra do vale, o escuro da noite. Ainda bem, oras, para que eu possa amanhã enxergar novamente a nuvem clara na qual eu pairava flutuando. E se ficasse assim voando ia ficar tão distante daquilo que é, pensando como plebéia que virou princesa, contos de fadas, foi sim. Mas a vida é toda recorta, é toda picotada e ninguém tem tudo ou o tudo tem ninguém. Tem o que nada tem e tem o que tudo tem. Não tem como fazer média, somar e dividir por dois pra ficar igualzinho assim, ou compensado. É tudo desconcertado mesmo, meio desafinado (o que mais gosto na orquestra é ver os violinos se afinando no começo. A harmonia é tão grande que a música que vem depois só faz sentido se aquele início, aquela concordância dos instrumentos, se faz presente, quase que de maneira silenciosa, discreta. Sem isso, não tem Beethoven que o valha pra ornar com as notas todas. O som harmonia me acalma, pois daí entendo que tudo vai ficar bem... Vai ficar tudo bem e a música vai tocar maravilhosamente como é, numa potência da arte humana que aterroriza diante da mediocridade diária da vida) e repartido. E quando vem o soco da realidade que te traz pra terra, com cara na lama e tudo, mas dessas baratinhas que nem fazem bem pra pele, você vê que o cinco bola não existe, mas um zero bem vermelho. O redondinho é tudo invenção. Não tem meia fome, não tem meio pobre, não tem meia vida. Tem ou não tem. É ou não é. E a gente só percebe quando vai lá atrás e fica três horas e meia esperando, esperando, esperando e... qual o nome do ônibus mesmo? Ou quando a gente vê criança da rua brincando com caco. Menino! E se corta? Corta não, tia, a gente toma cuidado. Dá pra cortar o pão duro pra comer, a pele dura da barriga, sabe como é... E a humanidade nos pega assim, de repente, e nos derruba do cavalo branco, ou do sofá das 16h, depois do café com bolachinhas. A vida estica o dedinho e nos toca, toca afinando o desconcerto que virá, a verdadeira graça que tocará, uma verdadeira (e talvez, medíocre) humanidade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><i><b>African Sonata - Vladimir Kush</b></i></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-23792031978121203922011-02-12T14:28:00.005-02:002022-02-07T10:19:17.663-03:00Elogio à loucura I<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXp-chv29SUfI43FaK1KoeF-2ceFJl1C20zpnEptV3h1Cp02bxspFB9GcBuHzvcstu3p4ldzBWLShN-dMbupNCw33T-TI1wjHmPGcP5lnmw7fSXoWQargHnmbwyiRp3WWAeHizpCApsYVD/s1600/Hieronymus+Bosch+-+The+garden+of+earthly+delights+-+Hell.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 158px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXp-chv29SUfI43FaK1KoeF-2ceFJl1C20zpnEptV3h1Cp02bxspFB9GcBuHzvcstu3p4ldzBWLShN-dMbupNCw33T-TI1wjHmPGcP5lnmw7fSXoWQargHnmbwyiRp3WWAeHizpCApsYVD/s400/Hieronymus+Bosch+-+The+garden+of+earthly+delights+-+Hell.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5572844513722132434" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Como uma onda, arrasta a sanidade do controle.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Se apodera aos poucos dos gestos e deixa, de longe, uma voz gritar desesperada pela volta daquilo que se perde, como se algo queimasse num fogo purpúreo, dilacerante.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Sabe-se, por certo, que a regeneração é longa. O devastamento tem sua herança confirmada pelas consequências do que se fez.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >E queria fazer?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Não, mas fui apoderada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >E não se controlou?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Ora, do que se trata o controle? E quem o tem de fato? Talvez faltassem-me medicamentos periódicos, ou mesmo revistas, talvez, que acalmassem o ânimo retraído, enjaulado metodicamente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Mas já foi. Há de se consolar com provérbios de leite derramado. Os otimistas, e tento o ser, convencem-se do foi melhor assim, do aprendizado eterno de vida, das melhoras a serem feitas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >E quando tudo se aquieta e o verde volta a crescer....</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >....O fogo vem e queima a pele em carne viva.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Até que a carne se esvai.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >O verde se esvai</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >O carvão também.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >E sobra, soberana, a loucura. Gargalhando, desesperadamente, a nova vitória.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >A voz se cessa. Perde-se o tempo. E tudo gira, gira, gira...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><b><i><span class="Apple-style-span" ><br /></span></i></b></div><div style="text-align: justify;"><i><b><span class="Apple-style-span" >Hieronymus Bosch - The Garden of Earthly Delights - Hell</span></b></i></div><div style="text-align: justify;"><i><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></i></div><div style="text-align: justify;"><i><b><br /></b></i></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-63722027579201791592010-12-31T19:59:00.005-02:002022-02-07T10:19:14.373-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHPL-cEQhZeMbwSSVsCDZ6mRJbMEs-5PriJb3GmpZy9WlLPAfwBGoVkEgqwre1_ubCysrVyBL5ELIFXby-Nv41MQ4MIZglh1acFkIB54lQN-zsoX32QWx7_bLfrNbTi2G8HJbZ3hAhXDCa/s1600/Escher+-+Eye+%25281946+Mezzotint%252C+7th+and+final+stage%2529.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 293px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHPL-cEQhZeMbwSSVsCDZ6mRJbMEs-5PriJb3GmpZy9WlLPAfwBGoVkEgqwre1_ubCysrVyBL5ELIFXby-Nv41MQ4MIZglh1acFkIB54lQN-zsoX32QWx7_bLfrNbTi2G8HJbZ3hAhXDCa/s400/Escher+-+Eye+%25281946+Mezzotint%252C+7th+and+final+stage%2529.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5556973064694856850" /></a><br /><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b><div><b><span class="Apple-style-span" >Talvez pelas tantas ligações não atendidas</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >de diversos números conhecidos</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >das amigas antigas que telefonam espaçadamente</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >para me contar as novidades</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Pelo tetraplégico que vi, de terno, no vagão de trem,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >que arrumando seus óculos com o pouco de braço que lhe cabia,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >olhou seu celular preso ao braço da cadeira de rodas.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Talvez pela ligação daquele que havia esquecido,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >ou por sua singela mensagem,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >agradecendo-me por ter lhe mudado a vida.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >No dia do meu primeiro salário,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >no último dia do ano,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >ora, e poderia ser diferente?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Pelo medo que me tomou as veias</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >pelo pânico que me arrepiou a pele</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >pelo baque que meu levou o suspiro.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >E pensei mesmo sem sentir frio em pleno sol,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >ou calor em meio a neve,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >pois o clima era ameno e no ameno não senti.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >E o pavor dominou meu corpo.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >E me senti, diante do mundo, sozinha.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >E li a manchete que dizia:</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >"Faleceu, sabendo disso, uma menina"</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >E que menina o era?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>A dos olhos azuis?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>A estagiária?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>A do ônibus ou metrô?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>A do facebook?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>A da Mooca?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Uma mulher?</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Hoje pensei que fosse morrer</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >e percebi que em meio a tanta vida,</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >nos encontramos perdidos.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Talvez nas palavras.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >(estas que surgem prontas na rápida escrita do metrô)</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" >Talvez na solidão.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span">E precisei amar para entender que por fim viveria</span>.</span></b></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><i><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></i></div><div><i><span class="Apple-style-span" ><b>M. C. Escher - Eye</b></span></i></div><div><b><span class="Apple-style-span" ><br /></span></b></div><div><br /></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-63624883136037016372010-12-17T09:35:00.010-02:002010-12-21T09:58:17.423-02:00Epitáfio nº 30<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4z7iyipqlhG6ueLZUwnPdhlOrwcvgQ1DAeJS3NONDElc8KCPrhzSrkcpdjsXhVCd2zov6LF4rtnHX4WFrT09juPLAbWGtaOI84U98BiHf2otVsM2fvGx6DPnimsfq4Fed_D3_mRqc2HvM/s1600/La+Danse+-+Matisse.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5553102070311438674" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 214px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4z7iyipqlhG6ueLZUwnPdhlOrwcvgQ1DAeJS3NONDElc8KCPrhzSrkcpdjsXhVCd2zov6LF4rtnHX4WFrT09juPLAbWGtaOI84U98BiHf2otVsM2fvGx6DPnimsfq4Fed_D3_mRqc2HvM/s400/La+Danse+-+Matisse.jpg" border="0" /></a><br /><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>Libertou-se, enfim, do corpo que lhe pesava.</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>E sua alma dominou aqueles que lhe rodearam.</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>Deixou, silencioso, um recado aos pés de ouvido</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>"vivam a arte do amor"</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>ou algo assim que nos coubesse.</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>Mesmo sem palavras, inspirou-me,</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>tornando muitas, das que me brotam,</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>sementes dele.</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>A flor maior, porém, foi a esperança,</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>confirmada pelos olhares, gestos, abraços,</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>revelando, firmemente, que nessa terra</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong></strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;color:#000000;"><strong>estamos todos juntos.</strong></span></div><br /><div></div><br /><strong><span style="font-size:85%;"><em>La Danse </em>de<em> Henri Matisse</em></span></strong><br /><br /><p></p>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-35260884725725857112010-12-03T09:57:00.005-02:002022-02-07T10:19:08.774-03:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQSpmzdCiSRylLT6emzTZ_Y7Krl6SI3Ig0ANHZf2WbmAvxhNMbk1Ndqco5JPx1duk8Nkr2hZhjHC_1NNkJGQYGdTA1mLqGOnLuEiiEYWDsQFJ25oKXLyAzN1PZ-1BaN2dRVu5ATh9x9XnL/s1600/%255BEscher%255D+Three+Spheres+II+1946+Lithograph.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5546439316481039218" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 224px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQSpmzdCiSRylLT6emzTZ_Y7Krl6SI3Ig0ANHZf2WbmAvxhNMbk1Ndqco5JPx1duk8Nkr2hZhjHC_1NNkJGQYGdTA1mLqGOnLuEiiEYWDsQFJ25oKXLyAzN1PZ-1BaN2dRVu5ATh9x9XnL/s400/%255BEscher%255D+Three+Spheres+II+1946+Lithograph.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="color:#ff0000;"><em>Estava tão cheia que era como oca. Não tinha espaço para o barulho do chacoalhar. Estava vedada, lotada de sentimentos de duas, três, quatro vidas. Para ela aquilo era viver. Como se a beliscassem a todo instante lembrando que estava lá. Não se deixava cair na inércia do morno, do regulamentado e buscava o que lhe cutucasse para um eterno acordar. E vivia.</em></span></div><div><br /></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div><br /></div><div align="justify"><span style="color:#663333;"><em>Chegou um tempo, porém, que se viu tributável. As décadas passaram sem que percebesse e o sono veio dominar-lhe os pensamentos. Eram 10 da manhã e sabia que aquela perda era de vida. Questionava se era o fim, o início de um ciclo eterno, o abafar de sua cor. Viu-se esvaziar aos poucos. Estava tão oca que era como cheia. Tinha espaço para cinco, seis, sete vidas que analisava friamente com marca-textos e etiquetas, catalogando em blocos coloridos. E seguia.</em></span></div><div><br /></div><div align="justify"></div><br /><div><br /></div><div><strong>M. C. Escher - Three Spheres II</strong> </div><div> </div><div> </div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-16964701321652970132010-11-29T23:17:00.005-02:002010-12-03T11:22:14.476-02:00Colagens<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4z5hf9vnv2EVhPynzQpJ3T5i5qWqgZ2Wt6xtk93ZI-ecP2GE0fRqgv1nEyr-25ar96P7MoQbGsVnjb8Fi26ntKXDQtF1EcukPbe3MIFAme6rlQxCs8GhYnsLiTTGGppjPAiFq4sG2aVNI/s1600/klee-paul-burg-und-sonne.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5545151339204788114" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 327px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4z5hf9vnv2EVhPynzQpJ3T5i5qWqgZ2Wt6xtk93ZI-ecP2GE0fRqgv1nEyr-25ar96P7MoQbGsVnjb8Fi26ntKXDQtF1EcukPbe3MIFAme6rlQxCs8GhYnsLiTTGGppjPAiFq4sG2aVNI/s400/klee-paul-burg-und-sonne.jpg" border="0" /></a><span style="font-size:+0;"> <div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">........................................................................................................................</span></span></span></div></span><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></div><div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">A tão condenável fuga me atrai como luz, o inseto. A sensação de caridade desaparece em frações tão curtas que a luz se tornou estática diante da repulsiva sensação do nada ser diante daquilo que se é. </span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Amar o próximo. Amo-o quando não me atinge de maneira tão certeira e aguda, como faca em carne fresca. Com o amor-próprio ferido e toda minha (até então discutida) vaidade escorrida pelo buraco escancarado de pouca estima talhado com tanto esmero. A falta de vernáculo não me proporciona suficientes doses de bem-estar, dose esta que, como uma droga, vicia, e após seu fim derruba, com um soco forte e real, as ilusões formadas de um intelecto tão imaturo. Ajoelhada, recolho os cacos daquilo que um dia sonhei ser, e enxergo o reflexo do medo e a podridão de tudo que enunciei e ouvi, do toque doce e do abraço ensinado. </span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">O desprendimento de todo tipo de mérito se faz como inseto em casca velha. Covarde, reapareço e me reergo diante de toda imensidão de aplausos. Não os mereço e sou logo comparada com furtivos olhares de pena.</span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">........................................................................................................................ </span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Num certo momento o sentido se extingue</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">como uma nuvem que se esvai...</span></span></span></span></b></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span"></span><span class="Apple-style-span">Desvanece.</span> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Todas as intenções,</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">ilusórias ou não,</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">ilustres ou não,</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">anulam-se</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> <span class="Apple-style-span">em tristeza, </span></span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">causando um mal-estar,</span></span></span></span></b></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">um enjôo,</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">por tudo aquilo que não foi</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">e que foi</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> <span class="Apple-style-span">e que poderia ser.</span> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">A inércia assume o poder</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">e continuamos procurando</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">um fim.</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> <span class="Apple-style-span"></span></span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:x-small;">(21 de Outubro de 2008)</span></span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">........................................................................................................................ </span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Odeio esse abafado ar de angústia eterna.</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Antes assumir o desagrado com o mundo como o velho safado</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">que camuflar usando um sorriso civilizatório</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">(de dentes bem brancos,</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">cor de nata,</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">corroídos por ácido</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">até a invenção de um café fluoretado)</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Escondendo, assassinamos aos poucos</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">a aflição que nos dá vida.</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Cabisbaixos seguimos,</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">e apertamos em guardanapos,</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">bordas de livro,</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">papéis amarelados,</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">palavras despejadas para consolo</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">daquilo que jamais deveria ser consolado.</span></span></span></b></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></b></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:x-small;">(4 de Setembro de 2008) </span></span></span></b></span><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"></span></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">........................................................................................................................ </span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">E se fragmento-me em instantes, estes não têm volta. Então me perco aos poucos, a cada baque de razão ou irracionalidade que me apresentam um outro lado, uma outra face, </span></span></span></span></b></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">um novo sentimento e mais ilusões,</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">imaginações</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">palavra que relativiza até a relatividade.</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">E ainda não me decidi se acredito</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> <span class="Apple-style-span">na cabeça </span></span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">(e daí se abrem possibilidades)</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">ou nos olhos.</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Mas sou tão míope</span></span></span></span></b></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span"></span><span class="Apple-style-span">e talvez tão louca</span> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">(segundo meu histórico familiar)</span></span></span></span></b></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span"></span><span class="Apple-style-span">que prefiro não acreditar em nada</span> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">e sigo assim</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">vivendo,</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">morrendo,</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">sentindo...</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">...sofrendo.</span></span></span></span></b></span><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span></span></span></b></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><b><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:x-small;">(31 de Agosto de 2008)</span></span></span></span></b></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">........................................................................................................................</span></span></span></span></span> <p class="MsoNormal" style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span"></span></span></span></p></div></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:+0;"><span style="font-size:+0;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><i>Paul Klee - Burg und Sonne</i></span></span></span></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-16229862998617209852010-11-23T13:40:00.002-02:002010-11-23T13:45:14.623-02:00Carta de Buenos Aires 2010<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_SuEyydIdFSF0mhzZ36ser4Jzc3HCO0aVKm5ju8IrHV-9C9skb1DI8e_N0MMXXKKaEMqqiEXUZGYOa_bGLMMFUKgimhm8CSAzQ4F9O55IG8Hq308diCfhwX2PxSCvmj3wFZtZk8H62dKf/s1600/carta.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_SuEyydIdFSF0mhzZ36ser4Jzc3HCO0aVKm5ju8IrHV-9C9skb1DI8e_N0MMXXKKaEMqqiEXUZGYOa_bGLMMFUKgimhm8CSAzQ4F9O55IG8Hq308diCfhwX2PxSCvmj3wFZtZk8H62dKf/s400/carta.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5542771624570715442" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px;"><b><br /></b></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15px; color: rgb(51, 51, 51); line-height: 20px; "><b>Carta de Buenos Aires, Reunião Internacional da Casa Warat.</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; "><i>Buenos Aires, una noche fría a finales de octubre de 2010.</i></span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Carta literária do Encontro Anual da Casa Warat, ocorrido nos findos dias de outubro, do ano de 2010 (dois mil e dez), en “Mi Buenos Aires, tierra florida”. A reunião começou um dia após o Cabaré Macunaíma, realizado nos arredores de Maipú. Na capital argentina, o frio era marcante e o vento deixava ainda mais gélidas as noites ébrias. Na envolvente mistura de calor humano e frio porteño, ainda inebriados pela noite em Cabaré, deu-se início a reunião.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Estában Isabela, con su hermoso pelo rubio, Leilane, con sus belos ojos pintados, Mariana con su pelo rojo claro y sus 19 años, y Jaqueline, con su pelo nero, como los de Paula. Quizás era de ellas que hablava Chico Buarque quando escribió la canción “João e Maria” ("a noiva do caubói era você além das outras três…"). Ah si, estában también los chicos: Levy, con su buen humor y su abrazo colectivo, André, con su barba, sus 20 años y su sensibilidad, Eduardo, con sus rizos pero sin su sombrero porteño, Leopoldo, con el cuidado con los otros que solo él lo tiene, argentino que habla palabras que todos las compreendem. Y claro, estaba nuestro queridíssimo Luis: lleno de energia, de projectos, com sus ideas increíbles, su poder de congregar personas y de instaurar una atmosfera mágica al su rededor. Brindava a todos palavras estéticas y afectivas que, como siempre, nos encantavam y nos nutrían a todos.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">O local escolhido: El Gato Viejo. No meio do improvável e do impossível, fez-se um restaurante em delírio na antigua estación de tren, no atelier de Carlos Regazzoni. Levy pede uma garrafa de vinho, quer apresentar a todos “Angelica Zapata”. Alguns preferem refrigerante, como Isa, Leilane e Mariana. Antes de chegarem os pratos, Leopoldo lança a primeira pergunta para instigar a reflexão: ¿qué nos une?</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Jaqueline logo pega papel, pedacinhos de uma cartolina amarela, cheirando a tabaco, anteriormente cortados, e distribui para todos que estão na mesa, para que possam escrever suas reflexões. As respostas, que saem de forma fragmentada, complementam-se. Leopoldo lê os bilhetes escritos em espanhol, Jaqueline aqueles em português.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">A resposta era polifônica, com argentinos hablando português y brasileños falando em espanhol, mas parecia ressoar uma só voz. O que nos une? La vontad de construir un mondo en donde cada uno es un encontro con los otros. Nos une la búsqueda. Pela realização livre do espírito. Pela intersubjetividade perdida na modernidade. Por uma nova sociedade, mais humana e menos castradora. Por puertas hacia nuevos mundos. Por afinar sensibilidades. Pela despinguinização dos espíritos dos estudantes e por um reconhecimento que não precisa de mitos, teorias, hermenêutica e lei para se realizar. Nos une el deseo de transformar. A crença no poder das alterações moleculares. Nos une la afectividad y la necessidad de construir un mundo diferente.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Nos une a recusa da desumanização e a esperança de mostrar que é possível viver afetivamente com os outros. Nos une a leveza das relações que se constituem como um respeitoso entre-nós. Nos une a inquietação perante o mundo e a tentativa constante para melhorá-lo e nos melhorar como seres humanos sensíveis. Nos une el interactuar entre nosostros para enriquecernos en nuestros espíritos para sermos mejores personas y brindarnos a nuestros semejantes.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Nos une a busca do entendimento de nós mesmos a partir do Outro e a busca do entendimento do Outro a partir de nós mesmos. Tomar o Outro a partir de nós mesmos. O Outro como uma extensão do Eu. A exsurgência do entre. A aurora da sensibilidade. A nascente do sensível. Nos une la tentación de unir/nos en una subjetividad que nos pertenezca para sustener/nos. No nos une el amor sinó el espanto (Borges). Nos une a vontade de um pluri-verso de significações voltadas sempre ao novo, à constante transformação. Nos une a sensibilidade, sabermos que não estamos sós, mas juntos pela construção da vida carnavalizada e repleta de sentimento de amor.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Nos une a tentativa de fazer triunfar a alegria sobre a tristeza, a pulsão de vida em um mundo em que prevalece a pulsão de morte. Nos unimos para compreender e transformar a pedagogia, enquanto momento de descobrir e redescobrir a nós mesmos e o Outro, numa perspectiva criativa, emancipatória, amorosa, erótica e transformadora. Qué nos une es el sentimiento de querer ser no un “yo” o un “otro”, sinó un “entre”. Una relación, un devir.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Pausa. O primeiro prato chegou: peru, já passado por outras mesas e bocas, temperado com cenoura, café e chocolate. Regazzoni cria as receitas de forma espontânea e plástica. Era o prato frio, depois viriam os quentes. Warat elogia o vinho. André descobre que é de uma safra de 1995. Levy e André tiram foto com o vinho, que não é tomado em taças convencionais, mas em pequenos copos de vidro. Tudo era inesperado e surrealista, como tinha de ser. Leopoldo, entonces, hace la segunda pregunta: ¿qué nos molesta?</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Nos molesta el poder, el paradigma racionalista, el robo de la sensibilidad. Nos molesta o desejo pelo consumo, o fazer-se no consumo. Os micro-fascismos. A reverência a tradições vazias, a estética da forma burocrática de destruição do eu pelo enquadramento a padrões, hábitos copiados, sonhos pasteurizados, vidas vazias e o hedonismo que não transcende a forma. Nos molesta a insensibilidade, a indiferença. O sentir-se sozinho em lugares cheios. Nos molesta a pressa com que vive, sem se prestar atenção ao que se sente e ao que o outro sente. Nos molesta a repressão do espírito em todas as sua manifestações.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Nos molesta a idéia de degraus invisíveis que nos afastam – pois paramos de nos ver como iguais, como humanos. Nos molestan las divisiones, las separaciones, las etiquetas. Nos molesta la falta del deseo para perseguir una passión que nos mueva el corazón. Nos molesta o uni-verso estático e imutável, o que não tem devir. A tentativa de transformar sentimento em racionalidade, a modernização que transforma humanos em objetos homogeneos e pasteurizados.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Nos molesta uma vida sem poética, sem sonho, sem imaginação, sem criatividade. Nos molesta el egoísmo, la falta de solidariedad. Nos molesta o imperativo da razão, uma razão fria, cartesiana, que nos amputou a sensibilidade, que nos anestesiou a todos.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Segunda pausa. O segundo prato chegou: em forma de pato, vindo direto da cozinha para nossa mesa, sem escala e sem escolha. Depois veio polvo e também javali. Levy acende o charuto. André, o cachimbo. Leilane, o cigarro. Bééééhhh… Em meio à fumaça dos sonhos e à voz inebriante da mulher mais divertida e fogosa do recinto, entovam-se cantos líricos y abrazos colectivos. As luzes apagadas incendiavam delírios cabaréticos. Havia muitas cores, nas esculturas, nas paredes da sala, nos olhares trocados, nos livros espalhados, nas cidades internas.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Un despliegue de sensasiones diarios que se desdoblaran y hablaran con figuras en lenguajes del amor. Eram velas que dançavam um samba infinito, em meio à cidade do tango. Era la sensasión de estar delante un mar totalmente desconocido de colores diversos y que permite percibir una línea en el horizonte, sin que sea possible identificar su inicio y tampoco su fin. Em Buenos Aires encontrou-se esse mar. Um delírio? Sólo para los que no creen en los devenires, para los que se quedan en la racionalidad hermetica, cerrada en si misma. Sólo para aquellos que no perciben que, si no hay un “entre”, entonces están solos y nada són.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Cartografamos sentimentos, devires em meio à noite estrelada. Sensasiones fuertes y lindas, de alteridad y fraternidad. Luces, musica, danza, poesia, abrazos, besos y emoción. Reconheceram-se, desde logo, pelo olhar. Aquilo não tinha fronteiras, a amizade. Nenhuma língua ou sotaque seria capaz de impedir o entendimento, e o sentimento. O encontro puro. Sutil. O “entre” que se formou. O olhar bastava. A vontade bastava. A alegria bastava, assim como o sentimento de vida. Estava vivo. Juntaram-se a nós Inês, Glória, Marta Gama, André Coppeti, Alexandre da Rosa, Albano Pepe. Nem todos fisicamente, mas a nós se uniam pelo sentimento, presença essa que é ainda mais vivaz.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Todos formaban un grán rizoma, em que se diluem as fronteiras entre o virtual e o real. E rapidamente construíram-se idéias de esperança. Não havia censuras e o acolhimento foi completo. Reinava, soberano, o apetite de mudar, de amar, de viver. Não poderia existir construção vazia em meio tão fecundo. Naqueles papeles amarillos despejaram-se desejos comuns, que todos compartilhavam sem saber, mas que podiam intuir, sentir. Verdadeiro encontro. Revolução molecular.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">A cidade ainda chovava em luto, mas a alegria reinava absoluta na Casa que construía esperança. A Casa que não tem uma casa. Não tem porque não precisa ser física. Ela é em qualquer lugar, onde se estiver, onde se quiser. En qualquer lugar donde se creea en en poder transformador de la sensibilidad. Nossa casa é movil, é nômade. Ela dança em ritmo de samba. Dança tango, flamenco y mismo la musica gitana. É uma fusão de cores, de sons, paladares e sentidos. É pura sensibilidade e está sempre aberta para quien crea en la revolución de un abrazo. De um beso. Quien así creer, entenderá (sentirá) essa Casa.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">A nossa Casa é a anti-casa. O inverso do tijolo racional, do cimento solidificante, do concreto estático, da parede segregadora, do teto hermético, do chão geométrico, da porta com trancas, da janela com grades. A negação da casa cartesiana, morada da Razão, essa insustentável, estúpida e inválida habitação.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">A nossa Casa é a Utopia, no sentido literal da palavra: o lugar nenhum. Ao mesmo tempo, é um eterno devir de imaginações poéticas, de possibilidades do que foi, do que nunca é e do que pode vir-a-ser. É a continuidade do eu no outro. Declaramos que o ser-em-si-e-para-si está morto. A Vida se dá no ser-com-outro, no ser-para-outro, no ser-entre. E ela não admite racionalização, solidificação, objetificação e reificação. A Casa é a nossa resposta a um mundo no qual a Vida se tornou utópica. A nossa Casa é às avessas: não somos nós quem nela moramos, mas é ela quem em nós habita.</span></div></span><div style="text-align: justify;"><br /></div><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; ">Substitui-se o tijolo pela sensibilidade, o cimento pelo abraço, o concreto pelo beijo, a parede pela poesia, o teto pelo tato, o chão pela arte, a porta pelo outro e a janela pelo olhar. Constrói-se a casa waratiana, a casa nômade. Y que está abierta a todos los que en ella quiseren entrar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; "><i><br /></i></span></div></span><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 15px; line-height: 20px; "><i>Carta literária e patafísica, lida e passada numa noite fria, em meio a catacumbas, ao inesperado som de um piano…</i></span></div></span>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-33338303830769762352010-11-05T10:43:00.007-02:002010-11-05T11:06:13.177-02:00Comparações contraditórias<div><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" ><br /></span></span></span></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5GwzT5oslzdC2bCaPaKpaOMGegbthbjrxqTWAW3IXgqFBI0azDN3eQkpukN-e7ZQWWBtivV4RbXTTvIs75-DXjpqpgIUg4VEvGfTLWwo2eKkH-VNNWCYgTm8LwPnkxO_YAHqmWH0fRWFa/s1600/Torre+de+Papel+-+S%C3%B4nia+Mena+Barreto.jpg"><img style="text-align: justify;display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; cursor: pointer; width: 400px; height: 299px; " src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5GwzT5oslzdC2bCaPaKpaOMGegbthbjrxqTWAW3IXgqFBI0azDN3eQkpukN-e7ZQWWBtivV4RbXTTvIs75-DXjpqpgIUg4VEvGfTLWwo2eKkH-VNNWCYgTm8LwPnkxO_YAHqmWH0fRWFa/s400/Torre+de+Papel+-+S%C3%B4nia+Mena+Barreto.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5536049364483286898" /></a><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" ><br /></span></span></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Não passam de palavras. Todas despejadas, desesperadamente, na busca de um consentimento comum. O ser humano não vive só e busca no p</span></span></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >ensamento – herdado desde os primórdios de nossos parentes macacos – a garantia que não irá morrer em vão. Suas palavras serão digeridas por novos seres pensantes que discutirão, felizes, – ou infelizes, dependendo da virada do século que lhes couber – toda a imensa riqueza por nós consagrada diariamente: Palavras.</span></span></span></span></span></div> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Estudaremos os mais vistosos livros e debruçaremos toda nossa vida em cima daquilo que é válido. Este foi selecionado pelas gerações passadas, que por serem passadas são mais vividas e, como nossos avôs, dizem-nos as verdades, sem a necessidade de sermos atingidos por uma faísca qualquer de realidade. Aceitamos, não tão passivamente, é certo, aquilo que foi ditado e utilizamo-nos das armas que temos para contradizer aqueles que descansam em paz: Palavras.<o:p></o:p></span></span></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Mas o que resta aos letrados senão continuar com seu legado? Fixamo-nos em patamares de defensores da humanidade, perpetuando as letras, os pensamentos, as especulações para salvar o homem da poeira orgânica. De que serviria a razão se não houvesse seus escudos? A razão nos diferencia de todo o resto universal. Ficaremos, portanto, encarcerados ao eterno universo abençoado das Palavras.<o:p></o:p></span></span></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >A Arte, rainha das ações humanas, nos salva do vício que nos são as letras. Sua proteção, porém, recaí sobre a mesma doença. Aprecia-se um Da Vinci entre câmeras de segurança máxima, após ter pago o ingresso de entrada. A entrada para o paraíso. Não se pode culpar o artista, por certo, mas toda a sociedade construída que se utilizou da Arte, explorando-a. Mas se Da Vinci renascesse hoje, venderia sua obra?<o:p></o:p></span></span></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >O que são nossos antepassados brilhantes se não humanos? O que são as palavras consagradas senão mais idéias – amadurecidas, talvez, em conversas de botequim, numa taverna qualquer. O homem se separa de tudo que lhe é comum e cria degraus invisíveis e diferentes graus de importância para tudo o que vive, vê e sente. Somos grandes etiquetadores de vivência, por isso, talvez, o capitalismo tenha dado tão certo em nossa sociedade.<o:p></o:p></span></span></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Conseguimos catalogar os melhores escritos, os mais bonitos quadros, as mais válidas teorias. Não foi encontrado, porém, a força mãe que valida todas essas construções. Afinal, o que é verdade? Rumamos perdidos na busca de um caminho que oriente todo o caos criado paulatinamente. Mas que nos garante que não foi sempre assim? As diferenças criadas são base para a convivência humana?<o:p></o:p></span></span></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Penso, então, na forma. A boca que emite o som. As palavras podem ser consideradas a melhor forma de revolucionar mundos. A arte da retórica existe e se aplica, tentando convencer o mais cético dos céticos. O beijo, porém, é o ato supremo da boca. Sem dizer nada expressa os sentimentos de forma pura. Não há Palavra no Beijo. O beijo é a sua ausência. Vê-se no beijo um ato puramente humano, que abrange toda a escadaria do explicável, escancarando a porta do inexplicável.<o:p></o:p></span></span></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Excluem-se, no entanto, a concomitância dos atos. Fala-se ou Beija-se. O homem vem calcando suas construções na arte da fala. Porém, o beijo desconstrói qualquer argumento racional e abre alas à (ir)realidade. Pode-se tentar teorizar o beijo, mas sua eficácia está longe das palavras. Trata-se, pois, de escolhas. O beijo deve representar toda desconstrução das barreiras concretadas e reforçadas durante os séculos. Deve representar a sensibilidade humana e o reconhecimento do próximo como igual – em todas as suas diferenças.<o:p></o:p></span></span></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><o:p><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" > </span></span></span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Opto pela revolução do Beijo, sem conseguir deixar de lado as palavras que me escapam pelos dedos</span></span></span></span></span><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >.</span></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" ><br /></span></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span style="font-size: 10pt; "><span class="Apple-style-span" style="font-size: 16px; "><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_BQqspypcV6jhS9Ioo7js2I5NyUeGPNfG2ncUH4dgIwcMHfTAAWNrU_KzXPvuBBhOFHOluGHtAmtHYiW0FxmMMCvaK498j6sr7vUv1lbbo00jxaF2436q_ENvF8kMnf0IQ0nBlOd8DtHU/s400/Torre+de+Babel+-+S%C3%B4nia+Mena+Barreto.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5536049236876422850" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 319px; " /></span></span></p><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; "><b><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" ><br /></span></span></span></span></i></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; "><b><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Torre de Papel - Sônia Menna Barreto</span></span></span></span></i></b></span></div><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; "><b><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" ><span class="Apple-style-span" >Torre de Babel - Sônia Menna Barreto</span></span></span></span></i></b></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><b><i><br /></i></b></span></span></p>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-24260145415295267532010-11-03T00:16:00.007-02:002010-11-05T10:43:01.254-02:00Abraços continuados (Entre-nós)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiuYZPDMZ0oag3zPSlIMYbrhAQ3FqB7Y8FO_4NjXkq8nNuF7t1lZ8j9xUqCCHLDc8hq0NZDoNSho5I4IKjdEvSEpnCh0QG-_fR1VkVtZ-QoXBI1FAv56ba1CF6mydhGQhRpUw8eDX1a0HQ/s1600/Pariendo+utop%C3%ADas+-+Alejandro+Costas.jpg"><img style="text-align: justify;display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; cursor: pointer; width: 400px; height: 295px; " src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiuYZPDMZ0oag3zPSlIMYbrhAQ3FqB7Y8FO_4NjXkq8nNuF7t1lZ8j9xUqCCHLDc8hq0NZDoNSho5I4IKjdEvSEpnCh0QG-_fR1VkVtZ-QoXBI1FAv56ba1CF6mydhGQhRpUw8eDX1a0HQ/s400/Pariendo+utop%C3%ADas+-+Alejandro+Costas.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535153090824109698" /></a><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">Chegou com medo de voar e uma curiosidade que já considerada nata. Sentia-se segura, porém, já que tinha mãos para segurar nos momentos de turbulências quaisquer. Era tudo lindo, e com óculos de turista viu a cidade que chorava em luto. Tentou capturar todos os momentos com fotografias invisíveis que eram registradas na eterna lembrança. Era colorida. Azul, amarela, branca, rosa... Tinha cheiro, cheiro de boas vindas, de revelação. Estava viva.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">Ao conhecê-lo, sua timidez era tamanha que balbuciou poucas palavras. Foi assim pelos dias que se passaram. Reconheceram-se, porém, pelo olhar. Os que entornavam eram de uma lealdade infindável. Aquilo não tinha fronteiras, a amizade. Nenhuma língua ou sotaque foi capaz de impedir o entendimento. O olhar bastava. A vontade bastava. A alegria bastava, assim como o sentimento de vida. Estava vivo.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">O companheirismo mostrou-se logo e rapidamente construíram-se as ideias da esperança. Não havia censuras e o acolhimento foi completo. Entenderam-se os dizeres, por ora tácitos, pois a comunhão era real. Reinava, soberano, o apetite de mudar, de amar, de viver. Não existe construção vazia em meio tão fecundo. Em papéis coloridos despejaram-se os desejos, em jornais, as lembranças. Muita cor, nas paredes da sala, nos olhares trocados, nos livros espalhados, nas cidades internas. Estavam vivos.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">Toda a vida foi pintada nos poemas, nas músicas, na dança, nos abraços e em beijos de cabarés.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">Acostumou-se cedo demais, e num piscar de olhos, viu-se de malas prontas. Não era mais a mesma. Despediu-se silenciosamente das cores que lhe marcaram. Silente, viu-se cheia de nós. Nós que nos ligam das diferentes partes desse mundo. Chegou repleta de fios invisíveis, todos agora estendidos. A esperança completava a saudade. Queria dançar o tango que não vira, escorrendo de paixão, harmonia e vida. Estava cheia e sentia, feliz.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><br /></span></span></div><div><b><i><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span">Pariendo utopías - Alejandro Costas</span></span></i></b></div><div><b><i><span class="Apple-style-span"><br /></span></i></b></div><div><b><i><br /></i></b></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-88691974457414987272010-08-07T01:00:00.001-03:002022-02-07T10:18:53.710-03:00Círculo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoz0ykVTR84fB6BYOErXSAu8gdFCoDZVeV52frg043Vvw5Et6RJmkWG_6LW1Jacf7BBY9pu71SxjSCrJoWu8urVGKLMg7JIYh2XEK2cLu7_U8_RzRnI0xcsFR4EPK1zKk_VLqu3b7OIENE/s1600/La+Sente+du+P%C3%A8re+Jean+-+Paul+Gauguin.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 317px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoz0ykVTR84fB6BYOErXSAu8gdFCoDZVeV52frg043Vvw5Et6RJmkWG_6LW1Jacf7BBY9pu71SxjSCrJoWu8urVGKLMg7JIYh2XEK2cLu7_U8_RzRnI0xcsFR4EPK1zKk_VLqu3b7OIENE/s400/La+Sente+du+P%C3%A8re+Jean+-+Paul+Gauguin.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5499094518793501154" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:Georgia, serif;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;">Amanheceu doce...talvez agridoce. Foi esquentando o sol que já brilhava alto. Foi queimando a pele de forma leve, marcando, porém, de um vermelho róseo que avivou toda palidez do entorno. Deu forma a todo sentimento e desfez toda razão que entornava as decisões... Era o nascimento daquele que veio repentino, mas que conquistou toda alma e sentimento, tornando imprescindível aquilo que era tão recente. Irresistível, inundou todas as recuadas, toda rejeição e brilhou mais alto, mais forte, numa luz que não cessava.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Brilhou mais forte, como sol ao meio dia, que tosta sem perdão tudo o que anda se esquivando pelas sombras. Perdoou, porém, a pouca água que restava e deixou que a vida continuasse, ainda leve, mas com um respirar mais rápido. Marcou de forma viva, mudando de cor até os cabelos que estavam desbotados. Do prata, veio o amarelo e deste, o vermelho. Iluminou cegamente, daquele brilho que já não se sabe a cor, de um branco neve que desnuda toda a casca. Assim, pude ver o que tinha dentro e era bom. Cutuquei, me atrevi, estava vivo, porém cansado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Veio o entardecer. E junto com sol, foi se pondo tudo aquilo que era irreal. Mostraram-se as verdades, que já não se escondiam no ofuscar dos olhos. Pesou naquela hora onde os míopes não têm vez e tudo torna-se liquefeito, feito aquarela. Era doce, mais doce do que nunca. Mas pesava nos momentos de distância, em que a agonia destronava a paz, num golpe impiedoso que abalou os mais céticos olhares. Encheram-se de água os olhos que não sabiam chorar. E a dor veio devagar se instalando silenciosamente, como que prevendo o que estaria por vir.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Fez-se o mais absoluto silêncio, de um vazio que não se acreditava, surgindo forte e desaparecendo, deixando mais vazio. O tempo parou para que todos pudessem observar tal perda. O mundo parou para que o ruído rotacional cessasse por respeito ao rebento que partiu. Não se tinha mais nada, e do nada brotou o desespero do mais profundo sentimento já sentido. A dor, sua amante de longa data, não perdeu tempo e se apossou do que podia, preenchendo o vazio que se arrastou pela madrugada fria. Foi a vida que deixou sua marca naquele que deixara de viver.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Num instante, porém, um brilho azul surgiu. E preencheu, num ritmo imperceptível, a esfera que se esvaziara. Cravou-se no peito as letras que fizeram tanto sentido outrora. A dor se atenuou deixando um brilho de esperança, insistente como cada amanhecer. Do silêncio, fizeram-se palavras espaçadas, doloridas, no entanto, entre gestos esparsos de carinhos, quase inconsequentes. Juntaram-se cacos de riquezas aprendidas, e dos restos viu-se o puro amor. Nunca esquecido, nunca apagado. Apenas calado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><i><b>La Sente du Père Jean - Paul Gauguin</b></i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-32095954261141449222010-07-19T21:02:00.006-03:002022-02-07T10:18:48.497-03:00Acúmulo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-29UbJIt1_lCr8n-BZKAOVpB8rQvW9Paue3746ZRF3cbIY-c-KZM1ElLEywxkZbr9IXAgThaTyzZCM4v0cHz6EuG9GVIKSAmrYaZhe9L6LCMq4KKZ9Fp0BeM8i-7vn3meRgJ2LA0od9Wp/s1600/Temptation+of+Saint+Antony+-+Salvador+Dali.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 293px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-29UbJIt1_lCr8n-BZKAOVpB8rQvW9Paue3746ZRF3cbIY-c-KZM1ElLEywxkZbr9IXAgThaTyzZCM4v0cHz6EuG9GVIKSAmrYaZhe9L6LCMq4KKZ9Fp0BeM8i-7vn3meRgJ2LA0od9Wp/s400/Temptation+of+Saint+Antony+-+Salvador+Dali.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5495775732102154242" /></a><div><div style="text-align: center;"><u><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><br /></span></u></div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-29UbJIt1_lCr8n-BZKAOVpB8rQvW9Paue3746ZRF3cbIY-c-KZM1ElLEywxkZbr9IXAgThaTyzZCM4v0cHz6EuG9GVIKSAmrYaZhe9L6LCMq4KKZ9Fp0BeM8i-7vn3meRgJ2LA0od9Wp/s1600/Temptation+of+Saint+Antony+-+Salvador+Dali.jpg"></a></span><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;">Talvez me adapte melhor no preto, na escuridão. Essa luz, de olhar nos olhos, de cegar, incomoda os pensamentos que vêm escuros, temendo o claro. São tantos os que temem a luz. Temo o que não conheço, logo, toda a exatidão e clareza me são estranhas. Não está na pele... Há tanto que não sei o que é certo. Talvez o que pensei que fosse, era apenas uma teoria colocada que, afastada pelos sentimentos – fortes e robustos, malvados, até, pois dominam encoleirando-nos –, se desfez tão rápido que me tirou qualquer sombra de certeza, qualquer linha reta, transformando meu mundo numa bola gigante, tal como ele é, tal como foi feito.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;">O que consigo fazer agora é despejar as tantas palavras desconexas que me foram ensinadas desde minha juventude. E que bobagem é essa? Foram-me ensinadas desde meus primórdios, visto que não sou nada além de uma continuação de carne, pêlos e um punhado de pensamentos, estes utilizados para a tentativa de construir o certo. Se precisamos construir o que não está pronto e acabado, nunca poderemos saber se a obra toda é correta. Se está de pé, suporta, está apropriada. Se cai, desaba, aprende-se com o erro, continuando aquela construção de tanta argamassa que sufoca.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;">Prefiro o que cai. O que está de pé vai cair um dia, ora, se não foi estudada as leis da gravidade, outra construção que ainda está sendo sustentada por suportes fortes, e talvez até caia como a maçã que lhe serviu de inspiração. Se vai cair, prefiro que seja na construção para não desabar com o tudo dentro. Tantas vezes cai. E dói se quebra muito. A dor é um sentimento engraçado. Nem sei mais como é, a gente se acostuma, acha que é normal e fica assim. A dor é engraçada por que refutamos e até ela, também forte e robusta, deve se afinar depois de tanto preconceito.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;">Eu me prendi numa construção que não tem fim. Sim, exatamente como todas as outras. Mas como sou eu quem está presa, tenho a impressão de infinitude única, como se todo o universo fosse só meu, como se todo o sentimento fosse só meu. As histórias se repetem tanto que fica chato viver, é só copiar. Então finjo estar sozinha, sem mais nenhuma história, escrevendo um drama inédito, inexplicável, inexorável, inefável. Jogo toda essa jurisprudência fora, esses exemplos de medo, essas construções prontas em que me comparo para ver se dá certo. E novamente chego à maldita certeza, que não é sentimento forte e robusto, pois me é muito miúdo dentro de mim.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;">O medo é o mais vistoso. É o filho primogênito, aquele que foi protegido contra todas as pragas, com sangue de novilho puro em portas de bambu. Ele sobreviveu às sete pragas, à queda das antigas civilizações, à era das revoluções, a toda história. Os que o venceram, viraram ícones no museu de cera, ou em qualquer quadro pintado, empoeirando num museu longe daqui. Mas o medo, esse não precisou de estátua, pois vive em todos nós. Em especial a mim (e não poderia ser de outra forma, visto minha explícita alienação), foi cultivado graciosamente e na época da matança, foi perdoado e adotado, pois era gordinho de dar dó.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;">Ele, com seus braços fortes, ajudou-me a construir minha muralha que tem ferro, dos mais fortes. Todos os que batem se machucam e eu vejo tudo por cima da escadaria. Rolo de rir pelos degraus construídos, escondendo a dor – que já é de casa – de estar aprisionada. Rio o riso dos desesperados. Aprendi, porém, a controlá-lo e, depois de alinhar meu sorriso, utilizo o desespero como arma. Mas tudo me pesa, são tantos os armamentos. E reflito, então, se me é válida a leveza, abandonando tudo. O que vale, o peso ou a leveza? Rio, rio. Nunca nem li o livro! Não me parece ser tão pesado assim.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><b><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;">Temptation of Saint Antony - Salvador Dali</span></b></i></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><i><br /></i></b></p></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-79622442789707006892010-06-01T11:54:00.002-03:002022-02-07T10:18:44.172-03:00Libertação<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPxGrtWiNToW4xNvT_WhHACjGbLb6JdFmddrocO9t6zd3xb6VMFhQ9WKXi5B2eAEFsneQCAyZzY_TIMcOEL7_qoL7FHeHXaLbiNwDl8Sphy5d5CxTxNhKyQtJc2ez4SzbL-cz6OCFUV-Io/s1600/Liberta%C3%A7%C3%A3o.gif" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5477820797385766226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPxGrtWiNToW4xNvT_WhHACjGbLb6JdFmddrocO9t6zd3xb6VMFhQ9WKXi5B2eAEFsneQCAyZzY_TIMcOEL7_qoL7FHeHXaLbiNwDl8Sphy5d5CxTxNhKyQtJc2ez4SzbL-cz6OCFUV-Io/s320/Liberta%C3%A7%C3%A3o.gif" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 164px;" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; margin-bottom: 12.0pt;">
<span style="color: black; font-family: Georgia; mso-bidi-font-family: Arial;"></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Era uma mulher.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Via-se no espelho nua e confirmava a afirmação repetidas vezes. Cada pedaço de seu corpo gritava o feminino, escancarando sentimentos. Suava progesterona. A roupa, separada no pé da cama, fora escolhida cuidadosamente. Os sapatos vermelhos de salto alto ressaltavam o formato alongado de suas pernas. A meia calça protegeria do frio e se tornaria um atrativo. A saia, meticulosamente costurada para cobrir a porção certa de carne, caia-lhe perfeitamente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era uma mulher. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Abotoou a blusa pacientemente. Cada botão trazia um novo pensamento. Cansada dos problemas gritando em sua cabeça, ligou o rádio sorteando a música. Num ritmo dançante cobriu seus lábios com vermelho sangue e olhando o resultado final, no espelho manchado pela umidade dos demorados banhos, concluía: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era uma mulher. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A bolsa preparada pelas precauções já esperava perto da porta. Seus pensamentos fluíam num redemoinho gingante, misturando-se com perfumes e lembranças. Sabia que aquela não era a melhor saída, mas precisava provar num ato de imaturidade toda aquela pesada maturidade. Saiu sem rumo e sem relógio. Não viu a hora passar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Amanheceu.</div>
<div style="text-align: justify;">
O sol batia tímido e o despertador tocava esquecido. Na casa, o cheiro de noite ainda pairava leve, desaparecendo. Os rastros de choro se misturavam com maquiagens corretivas. Quando chegou, o despertador já havia cessado as exaustivas tentativas do despertar vazio. Sentia-se como a casa antes de sua chegada, vazia. O choro então se rompeu com o silêncio. Estava só e chorava, sozinha. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como uma criança.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Libertação - M. C. Escher</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt;">
<span style="color: #cccccc; font-family: Georgia; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-size: 16px;"></span></o:p></span></div>
</div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-90178784538984902602010-05-17T11:40:00.003-03:002022-02-07T10:18:39.726-03:00Despejos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghFnLUXAkiAdLoQWABnnAT7eEJ3C5UPqnZf9wiHWENowLK6fmxPJXeeLGpVMcFaLfMqC730uW8uEFFWV68gsFi7uD7YVBeC_Dg3gas_T35JCEXiSmoUfjaWsJApkC2_az-VYDPzzJvQsvR/s1600/caravaggio.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 262px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghFnLUXAkiAdLoQWABnnAT7eEJ3C5UPqnZf9wiHWENowLK6fmxPJXeeLGpVMcFaLfMqC730uW8uEFFWV68gsFi7uD7YVBeC_Dg3gas_T35JCEXiSmoUfjaWsJApkC2_az-VYDPzzJvQsvR/s320/caravaggio.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5466776441361250882" /></a><span><span><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">I</span></i></span></div></span></span><div><div style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></span></i></div><span><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Em retas linhas sigo sem sabe o que sentir acumulando desde já o desespero do incerto pouso em braços largos agasalhando-me do amor alheio que espero retribuir. O medo da frieza domina as miniaturas homéricas dos sentimentos que tenho dentro de mim congelando a mais quente brasa florescente-radioativa da paixão que tento reproduzir incansavelmente em palavras e gestos não interpretados da maneira certa por serem tão subjetivos intrínsecos ao meu ser. A morte dos 200 anos já perdeu seu efeito e as suposições não fazem mais sentindo deixando-se enquadrar em diálogos repetitivos para entender aquilo que não é meu o que nunca deveria ser entendido e sim ser guardado como relíquia numa caixinha incrustrada de rubis pontiagudos. O cristalino já se embaça o embaraço maior é todo meu em todas as áreas possíveis de se analisar confundo os mais analíticos e impassíveis divãs insaciada por aquilo que não sei descrever e brota rompendo as mais túrgidas células de um planta que viu o sangue correr. Da luz não vem meu alimento necessário e da sombra retiro o meu fechar de olhos forçado obrigando o meu eu a se retirar do externo caindo os sorrisos moldados um por um feitos em laborátorio. Como um embrião sem células tronco sou pequena e imoldável nascida para aquilo que nasci e que nunca descobri e desconfio que ninguém saiba mas sou minúscula não entendendo o forçar da felicidade tão ligado ao mundo que piso. Piso sem sapatos nos tacos empoeirados protegidos da friagem onde todo verme encontra seu túmulo. Recolho-os por piedade e faço de mim um cemitério daqueles inanimados e tento revivê-los da frustração que passaram. Derrotada enxergo-me verme e rastejo em busca de cemitérios novos mas quando percebo já suguei a força vital de tantos outros que morreram em minha memória.</span></span></div></span><div style="text-align: justify;"><span><span><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></span></span></span></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">II</span></i></span></div><span><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></span></div></span></div><div style="text-align: justify;"><span><span><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Como gelo seco, que queima de um frio incessante. Que arde feito chama rígida de sentidos estáticos. Meus sentidos estáticos denunciam o mundo, fora de mim, como uma câmera de gás que queima o mundo que morre frio, duro feito pedra. Sendo carne venço-me em sentidos não decifráveis. E como cifra, traduzo o que sinto em palavras tão vagas e tão julgáveis. Assim, abro espaço para as temíveis críticas de cabeças ocas como a minha. Despejo então essa lava endurecida para esvaziar-me de mim. Aqueço ao saber que meu rastro está traçado em vão e percebo a invalidez da vida. Como em programas de adolescentes, finjo ser grande e madura. Como fruto preste a apodrecer ao lado dos tantos outros que caiu feito pedra, duro, frio. Minha câmera frigorífica me impede de cair, então vivo imatura e verde, feito e.t. Meus códigos já se venderam para um mundo que inventei. Eu mesmo quem fiz a troca, em que fui o prejuízo. Ao despejar combino as palavras em tons legíveis para qualquer outrem ler. E ao ler, me perco em lembranças inventadas e terceirizo-me, como couro e carne. Fui consumida por tantos outros que não conheço e exibo o couro estampado. Cansei.</span></span></span></span></div><div><span><span><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></span></span></div><div><span><span><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></span></span></div><div><span><span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Narciso - Caravaggio</span></i></span></span></div><div><span><span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></i></span></span></div><div><span><span><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></b></i></span></span></div></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-31151022693199633742010-05-05T23:04:00.007-03:002022-02-07T10:18:34.999-03:00Vida<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvXehrF8kt6BIH5hcUWRlLfYNIVb6mllwmuqU0mR6HLz6fTwgxvp2NnKZJ9GGhoxAGN89UVBbm6QP0eYzq9uDohxm2cy6E0-sHlC6Iouf8dz2XtYmMz3QpWsjk42Zyy-lPnvjDq2ux6J-s/s1600/frida.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 233px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvXehrF8kt6BIH5hcUWRlLfYNIVb6mllwmuqU0mR6HLz6fTwgxvp2NnKZJ9GGhoxAGN89UVBbm6QP0eYzq9uDohxm2cy6E0-sHlC6Iouf8dz2XtYmMz3QpWsjk42Zyy-lPnvjDq2ux6J-s/s320/frida.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467980317989135970" /></a><br /><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="color:#0000EE;"><u><br /></u></span></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 102); "><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 102); "><b>É câncer,</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>mas veio do amor.</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Se instalou assim, devagarzinho no colo possuído</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>e dominou tudo... Quanto amor!</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Foi a expressão máxima da dicotomia,</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>que realizou toda sua dialética</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>num jogo de vida e morte.</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b><br /></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Mas sem isso</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>não teria nada. </b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Sem dor não se sente o amor</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>tá tudo contraposto num atrito sem fim</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>numa dependência eterna.</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b><br /></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>E quando findar</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>que não se acabe tudo</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>a cicatriz perpetua a dor,</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>e vai mantendo o amor</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>E quanto amor!</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Vão te tirar esse câncer</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>vão arrancar tudo, sim</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>mas não deixe arrancarem o amor</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>este já dominou tudo</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>numa metástase sem volta.</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b><br /></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Sem a morte, a vida não existiria</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>viva, menina, toda essa sua loucura transbordante</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>todas suas dúvidas elucidantes,</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>toda vida que te existir.</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>A dor que te vier, viva como se fosse a mais profunda</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>pois daí só pode sair felicidade</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Sai sorrateira iluminando toda fresta que lhe mostrarem</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>inundando todo seco, afogando toda escuridão.</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b><br /></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>Acredita</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>você tem tudo pela frente</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>e não é agora que vai acabar, não</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>a vida está aí</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>te mostrando as dores para você se apoiar</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>e poder desfrutar uma monstruosa alegria</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b><br /></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#000066;"><b>uma eterna paz.</b></span></div><div><br /></div><div><br /></div><div><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Árvore da Esperança - Frida Kahlo</span></i></b></div><div><b><i><br /></i></b></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-39677851765430116242010-05-02T18:03:00.006-03:002022-02-07T10:18:30.323-03:00III - da rua<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj97IaOEZe2qj09nYS9UmIieUVAdRcfK2Jy9bpXB0R3XL4wrcaKXYDWIIIqdjlK_i-wwPiVP_wxRQtNO0OVbw2E9JUNVz7ODMuazuUXG5DiaA7mL3x5TngF4EnLY4HQ6nLdw9tEAQ0x5ODX/s1600/TarsilaAmaral+-+a+negra.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 261px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj97IaOEZe2qj09nYS9UmIieUVAdRcfK2Jy9bpXB0R3XL4wrcaKXYDWIIIqdjlK_i-wwPiVP_wxRQtNO0OVbw2E9JUNVz7ODMuazuUXG5DiaA7mL3x5TngF4EnLY4HQ6nLdw9tEAQ0x5ODX/s320/TarsilaAmaral+-+a+negra.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467613046177051330" /></a><span><span><div><span class="Apple-style-span" style="color:#993300;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color:#993300;">– Você é filha minha sim. Sua mãe é preta de asfalto. E você nasceu assim mulatinha por causa de seu pai, mesmo não sabendo quem foi que me abençoou com você, sorte, foi sim. Mas o que sua mãe mais quer, é que você possa escolher o seu caminho. Não quero teu destino traçado por ninguém não, pode dar azar. Você vai decidir, minha riqueza, não vai viver ao deus-dará. Eu tive muita sorte, mas muito azar também... Foi essa profissão mal-dita que escolheram pra mim. Você daria até futuro aqui, esse teu rebolado mulato é de ouro. Mas você só segue se escolher, e não vai escolher não. Tem muita coisa melhor nesse mundo e você vai rodeá-lo todo pra contar pra sua mãe. Eu vou esperar, vou sim. Sua mãe teve muita sorte e você vai ter também, porque filha minha você é sim.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#993300;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#993300;"><br /></span></div><div><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#993300;">A negra - Tarsila do Amaral</span></span></i></b></div><div><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#993300;"><br /></span></span></i></b></div><div><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#993300;"><br /></span></span></i></b></div></span></span>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-2305785580003026182010-04-29T09:36:00.008-03:002022-02-07T10:18:24.997-03:00Colorir<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHGwgEIYb1ybUVEElOC-f_S7TNTObDa3p-AWLwDpdEHa9XODnXLtzmUFmib-3pFT4ElU3G2AzA_zzsQYcXsai-Imyb1poh4ygLcn9idxvHvBw6E6YoCUPHmZuhaBxiX8bDsHpTzwCBZpE8/s1600/amelie-poulain.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 239px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHGwgEIYb1ybUVEElOC-f_S7TNTObDa3p-AWLwDpdEHa9XODnXLtzmUFmib-3pFT4ElU3G2AzA_zzsQYcXsai-Imyb1poh4ygLcn9idxvHvBw6E6YoCUPHmZuhaBxiX8bDsHpTzwCBZpE8/s320/amelie-poulain.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5466776829220766354" /></a><br /><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">Só posso te oferecer minhas palavras combinadas</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">é tudo que tenho em mim</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">e quando durmo, elas saltam uma a uma</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">acrobaciando no meu travesseiro</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">silenciando as frustrações contidas.<br /></span><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">Ao acordar, dou-lhes o tom de infância,</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">daquele colorido tarde-morna</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">roseando o dia conforme o cair da luzes</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">no contar do abecedário aprendido.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">E é pra você que dou a mão</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">e me entrego na ciranda sem fim</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">toda essa juventude vem do seu sorriso</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">- que é de leite pra eu achocolatar -</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">açucarando o amargo das rugas do sol</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#990000;">me dando colo pra poder chorar.</span></div><div><br /></div><div><br /></div><div><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Cena do filme "O fabuloso destino de Amelie Poulain"</span></i></b></div><div><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></i></b></div><div><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></i></b></div></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-72066965050997181412010-04-21T09:54:00.009-03:002022-02-07T10:18:20.894-03:00O que deu nome<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_5QLXVfgYgyo4KuURXAAYN2LxGOH7yuJh5kSaEPB5IU2EM1ASMeF34zh0JiV6xw3X-Kr1Sj_zXHRQ-yFqJB3fKjhgZVDeMgwCM_y2J6BWI1VBID-cyfoIKQyRyMh3_fuEQbP_deUW3R86/s1600/Magic+Mirror.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 239px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_5QLXVfgYgyo4KuURXAAYN2LxGOH7yuJh5kSaEPB5IU2EM1ASMeF34zh0JiV6xw3X-Kr1Sj_zXHRQ-yFqJB3fKjhgZVDeMgwCM_y2J6BWI1VBID-cyfoIKQyRyMh3_fuEQbP_deUW3R86/s400/Magic+Mirror.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5462575469641956994" /></a><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="color:#551A8B;"><u><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></u></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheR74zGx6VerXWxqyj6M6ECW-v0K1YELQAQqF_rzxNRv6F4-k0zMLwe95REi7DwpLBZH95ytuUu1qMluvbe0Cc5vyYHfEn7HxDJoxptAGfl34jbflcwYIb0Qau2idMvEPCg6HcKJpdP6Xm/s1600/Magic+Mirror.jpg"></a></span><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 20px; "><strong><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">I. DA TRISTEZA</span></span></span></strong><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br />Não quero inventar tristeza para ser aquilo que pensam que sou.<br />Meus olhos denunciam tudo.<br />Não preciso ser chumbo para viver como aquilo que pensei ser<br />Vou ser aquilo que sou<br />inventando sorrisos e lágrimas<br />sem remeter ao homem primeiro que instituiu as malditas sensações que só ele sentiu.<br /><br /></span></span></span><strong><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">II. DA FELICIDADE<br /></span></span></span></strong><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Não quero inventar alegria para ser aquilo que pensam que sou.<br />Meus olhos denunciam tudo.<br />Não preciso ser oca para viver como aquilo que pensei ser<br />Vou ser aquilo que sou<br />inventando lágrimas e sorrisos<br />sem remeter ao primeiro homem que instituiu as alheias sensações sentidas só por ele.<br /><br /></span></span></span><strong><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">III. DESQUADRICULANDO OU DA PALAVRA<br /></span></span></span></strong><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Teses mostram-me as verdades do mundo, não as minhas, minha tristeza é felicidade, minha lágrima é alegria, não sei o que sinto mas sinto, chorar e rir me é redundância, meus paradoxos são apenas papel, tudo que sou é, sou tudo que é, sou a noite sou a lua sou o homem, sou negra parda branca verde, sou de azul, coloro-me em tons pastéis e rubro! sou rubra quero o vermelho como quero a mim.<br />O mundo não se divide em cor como arco iris fundem-se num só, num produto de vida, a vida não se resume a escritos esparsos a vida vai sendo sem nome nem forma.<br />Potência me é fórmula ponto nada mais e não revela a felicidade ou meus picos de estabilidade.<br />A arte não me brota do mundo sobe do profundo e o profundo não é triste,<br />alegre,<br />branco,<br />preto,<br />o profundo é.<br />a vida é.<br />afundo em mim e vasculho, sem estado de espírito sem passagem no psicólogo, todos têm.<br />e se o profundo é tristeza (ou qualquer outro nome inventado) sou triste<br />se é alegria sou alegre<br />se é arte sou arte<br />se é vida sou vida<br />se é morte, morri<br />não há explicação nisso, não há tempo certo<br />não há falsidade nem verdades<br />só há verdades<br />(já disse que meu paradoxo é papel)<br />tudo é<br />mas<br />é<br />.<br />Me agrada a doce melancolia de Manuel<br />é pluma funda<br />Sem desespero, teses, paradigmas<br />é libertação num mundo de casulos<br />Mas nós criamos asas e voamos,<br />espero estar<br />com a mesa posta, a louça lavada, a cama arrumada<br />a vida vivida<br />e inventada.</span></span></span></span><div><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 20px; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">______________________________</span></span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><span class="Apple-style-span" style=" line-height: 20px;"><a href="http://lumine-et-obscuritate.blogspot.com/"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'trebuchet ms';"></span></span></a></span></span></div><span><span><b><i><a href="http://lumine-et-obscuritate.blogspot.com/"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">lumine-et-obscuritate.blogspot.com</span></a></i></b></span></span></div><div><span><span><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;">Magic Mirror - Maurits C. Escher</span></span></i></b></span></span><div><span class="Apple-style-span" style="color:#663333;"><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'trebuchet ms';"></span></span></i></b></span></div></div><div><span><span><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></i></b></span></span></div><div><span><span><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></i></b></span></span></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7509191321630440551.post-17950722609364600252010-04-17T11:02:00.008-03:002022-02-07T10:18:14.201-03:00II - da rua<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkmtFu35og6L5d7I9eIQj_VHk_2mAXsg9LwKdh_BClw0Vn0TYAB80PX0vOUzSeCvL6xFm_2UBcdZMNBtnKFbtKbwvYKu16cQqL8yYRqothIjQDjN5P4U7cHz2t91A0LT2u2wxAtjttN_Ex/s1600/O+jovem+mendigo+-+Murillo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 242px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkmtFu35og6L5d7I9eIQj_VHk_2mAXsg9LwKdh_BClw0Vn0TYAB80PX0vOUzSeCvL6xFm_2UBcdZMNBtnKFbtKbwvYKu16cQqL8yYRqothIjQDjN5P4U7cHz2t91A0LT2u2wxAtjttN_Ex/s320/O+jovem+mendigo+-+Murillo.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461110902154545170" /></a><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'trebuchet ms';"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'trebuchet ms';">–<span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"> É, seu moço, fiz faculdade sim. O que me faltou, porém, foi a oportunidade. Essa danada vai com a sorte e nessa vida só tive azar. Posso ter quebrado muito espelho, ou passado por debaixo da escada, mas olha, o que eu acho mesmo é que a culpa é desse mundo torto. Torto, sim senhor. Tá tudo esfarrapado, feito essa minha roupa. Então, seu moço, olha nos meus olhos como você olha pra aquele que passa lá engomado, que é tudo igual. A gente é tudo igual, eu, você, ele. Me deixa deitar aqui sossegado, então, que a sorte me roubou minha casa e minha cama e me deixou a rua de respaldo.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'trebuchet ms';"><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'trebuchet ms';"><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;"><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><i><span><span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="color:#330000;">O jovem mendigo - Murillo</span></span></b></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'times new roman';"></span></i></div><div style="text-align: justify;"><i><span><span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></b></span></span></i></div><div style="text-align: justify;"><i><span><span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></b></span></span></i></div>Mariana Teresa Galvãohttp://www.blogger.com/profile/14451416234148033319noreply@blogger.com1